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Alimentação

Lições da boa mesa começam em casa

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Obesidade, colesterol alto e anemia são distúrbios nutricionais cada vez mais comuns em estudantes de escolas particulares e públicas de Curitiba. É o que revela uma pesquisa realizada em 448 crianças de 6 a 14 anos, apresentada no fim de julho pela nutricionista, farmacêutica e mestre em medicina interna Lucyanna Kalluf, no Congresso Internacional de Nutrição Clínica e Funcional, em São Paulo.

O estudo revela que 21% dos alunos estão acima do peso e 7,5%, obesos. Já o colesterol alto foi detectado em 10,2% e a anemia em 10,6% dos estudantes avaliados. O excesso de peso foi ainda maior em estudantes de escolas particulares (69,9%) que nos alunos da rede pública de ensino (30,1%). "As crianças de escolas particulares mesmo com excesso de peso estão anêmicas. Comem muitas coisas com baixa qualidade nutricional", diz. A anemia aparece mais entre as famílias de baixa renda, mas também está presente nos lares de boas condições socioeconômicas.

A obesidade é considerada a epidemia do século 21 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem crescido em níveis alarmantes entre as crianças. De acordo com Lucyanna, muito mais que o aspecto epidemiológico, a obesidade, o sobrepeso e o colesterol alto indicam que as famílias não possuem hábitos alimentares saudáveis e que as crianças entre 6 e 14 anos de idade estão numa faixa etária de "esquecimento" preventivo. "Com essa idade, as crianças têm menos doenças infecciosas e não é comum a solicitação por parte do pediatra de exames de prevenção. "Ocorre que os problemas vão aparecer de maneira mais avançada e geralmente associados a outros fatores", diz.

Os mais comuns estão relacionados ao desenvolvimento físico, emocional, mental e à imunidade. Pesquisas indicam problemas crônicos de saúde como câncer, endocrinopatias e distúrbios reprodutivos. Segundo Lucyanna, a alimentação inadequada também causa déficits neurológicos e cognitivos. Nos Estados Unidos, a incapacidade para o aprendizado afeta 12 milhões de crianças com menos de 18 anos. "Se investirmos na alimentação saudável de crianças teremos adultos menos doentes no futuro."

Para reverter esse quadro, a nutricionista afirma que dietas baseadas na combinação da nutrição tradicional (que inclui proteínas, carboidratos e lipídios) não são suficientes. Uma solução apontada pela pesquisadora é a adoção da nutrição funcional na alimentação de crianças e adolescentes. Este tipo de dieta visa à ingestão de alimentos ricos em determinadas substâncias que promovem modulação digestiva e intestinal a fim de melhorar a proteção do fígado.

Neste caso, o consumo de alimentos industrializados é condenado. Isso porque mais de quatro mil substâncias são adicionadas durante o processamento, como antioxidantes, corantes, estimulantes, adoçantes e realçadores de sabor. Para a adoção de uma alimentação nesta linha, a nutricionista sugere a inclusão de prebióticos (açúcares indigeríveis no intestino) como o trigo, cebola, alho, alho-poró, cevada, mel, centeio, tomate, aspargos e açúcar mascavo. Além disso, Lucyanna indica o uso de alimentos integrais e a biomassa de banana verde (veja receita ao lado) nas preparações de pães, massas, sopas e até mesmo no feijão. A biomassa melhora o equilíbrio da microflora intestinal e do sistema imunológico, aumenta a energia das células intestinais, a síntese e absorção de vitaminas e minerais. O uso do leite animal também é condenado pela nutricionista. Segundo ela, pesquisas indicam a presença de diversos antibióticos que dificultam o equilíbrio da flora intestinal.

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