"Não matem nossas crianças"
Indígena por parte de pai, Sandra Terena ouvia-o desde pequena falar sobre a prática do infanticídio em diferentes aldeias do país, mas só se deu conta da gravidade do assunto já adulta. Quando há quase dois anos uma ONG brasileira e uma entidade evangélica dos Estados Unidos causaram furor internacional com um docudrama sobre a morte de crianças nas tribos amazônicas, Sandra já produzia seu próprio filme.
Várias lideranças indígenas fazem ecoar pedidos de socorro ao longo de Quebrando o silêncio. "A criança é o futuro dos indígenas. Devemos investir na vida deles. Devemos dar o direito à vida. Que ela viva, cresça e se torne um indígena que ame sua cultura e que saiba como trabalhar dentro da sua cultura e dentro do Brasil", diz Eli Ticuna, vice-presidente do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos. "É necessário que alguém corajoso se levante, para interferir nessas práticas culturais que são prejudiciais para a pessoa humana", argumenta.
"Nós temos índios que recebem muita influência dos antropólogos, e acham que os costumes são intocáveis", diz Álvaro Tucano, líder tucano no Amazonas. "O que é errado nós temos de corrigir. Nós temos de ter a capacidade de melhorar o nosso comportamento. E não continuar achando que aquele pajé está certo quando ele vai dar veneno só porque ele está fazendo bem para a sobrevivência do costume. Não. Ele está errado", enfatiza. "Acho que a gente tem de saber modificar o nosso povo, consertando os erros internos."
"A cultura é dinâmica. A cada momento muda a cultura, de geração em geração. Isso o antropólogo tem de entender, que a gente não perdeu a língua", diz Marcos Mayoruna. "A gente não tem nada contra o antropólogo, só que ele interpreta errado. Alguns atrapalham, por exemplo, indigenista, Funai. Quero que a Funai entenda que tem de haver a mudança", completa. (MK)
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