São Paulo Os desafios das empresas jornalísticas latino-americanas diante do avanço de novas tecnologias de difusão da informação, especialmente da Internet, numa região em que quase um terço dos cidadãos que vivem nas grandes cidades não sabem ler ou não têm capacidade de compreender aquilo que lêem. Este é o tema central da "I Cúpula Latino-Americana de Líderes de Jornais", promovida pela Associação Mundial de Jornais (WAN, World Association of Newspapers), que começou ontem e termina hoje, em São Paulo.
"Este é um momento vibrante de mudanças no setor e o foco principal do encontro é formatar o futuro dos jornais", disse o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Nelson Sirostky, na abertura do encontro, que reúne dirigentes de jornais de 15 países da região e dos Estados Unidos.
Internet
Falando no painel "Tendências globais dos jornais e suas implicações para a América Latina", o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, citou a utilização crescente da internet para a proliferação de boatos (os chamados "hoax"), que em boa parte são "patrocinados" por grupos econômicos com propósitos velados e escusos.
"Não há como pensar em tendências no mercado de jornais, sem analisar, em profundidade, o consumo de internet e o papel dos jornais nesse novo ambiente", disse João Roberto.
Diante dessa "onipresença" da internet na vida das pessoas, especialmente entre os jovens, o empresário defendeu que os jornais tenham uma cobertura mais ampla sobre esse "espaço", que em sua opinião vem sendo cada vez mais usado para a manipulação de informações.
"Nossos jornais devem, cada vez mais, cobrir a internet como um assunto relevante, ressaltando, claro, o que há de bom, e denunciando as manipulações", disse.
A despeito dos novos meios de disseminação de informações, a circulação de jornais no mundo em 2005 cresceu 0,56% sobre o ano anterior, e 6% nos cinco últimos anos, de acordo com dados divulgados pelo presidente da Associação Mundial de Jornais (WAN, em inglês), Timothy Balding. Na América Latina, a circulação de jornais cresceu 3,7% no ano passado.
Em 2005, segundo a entidade, 439 milhões de pessoas compraram jornais diariamente, contra 414 milhões em 2001. Dos 100 jornais mais vendidos no mundo hoje, 62 são editados na China e na Índia.