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A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg, e o advogado de acusação, Ademar Gomes, em frente do Fórum de Santo André: decisão deve sair hoje | Rodrigo Pinto/AE
A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg, e o advogado de acusação, Ademar Gomes, em frente do Fórum de Santo André: decisão deve sair hoje| Foto: Rodrigo Pinto/AE

Contradições

Veja qual foi a versão apresentada pelo réu e as contradições presentes no caso:

Premeditação

O que diz Lindemberg

No dia da invasão, foi armado até o apartamento de Eloá e esperou que a garota chegasse. Ele ficou surpreso por encontrá-la com os amigos.

Contradição

Em depoimento, o irmão mais novo de Eloá, Everton Douglas Pimentel, disse que Lindemberg havia estado mais cedo no apartamento para usar o computador. Ele viu uma mensagem no Orkut da garota e ficou irritado. Depois, ainda com Everton, o acusado teria visto Eloá passar na rua com os três amigos.

Namoro

O que diz Lindemberg

Ele e Eloá tinham reatado o namoro cinco dias antes da invasão, mas a relação estava sendo mantida em segredo.

Contradição

Em depoimento, a amiga da vítima, Nayara da Silva, disse que Eloá não quis reatar o namoro após uma briga e Lindemberg passou a segui-la desde então.

Garotos

O que diz Lindemberg

Ao encontrar Eloá com os garotos, o réu questionou se Vítor Lopes havia beijado Eloá; o garoto disse que sim. Segundo Lindemberg, ele pediu para que os amigos da namorada saíssem do apartamento, mas eles se recusaram a deixar Eloá.

Momento dos disparos

O que diz Lindemberg

Segundo o rapaz, houve a explosão provocada pela polícia no momento da invasão, e Eloá se levantou do sofá.

Sem pensar, atirei". Ele disse ainda que não sabe se atirou em Nayara.

Contradição

Tanto o capitão da PM, Adriano Giovanini, quanto o tenente Paulo Sérgio Squiavo afirmaram que a polícia só decidiu invadir o apartamento após ouvirem um disparo de dentro da casa; mas a refém Nayara afirma que os disparos ocorreram após a explosão, como diz Lindemberg.

Três anos e quatro meses após a morte de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, Lindemberg Alves, de 25 anos, quebrou o silêncio. No terceiro dia de júri, o réu confessou ontem ter atirado contra a adolescente após um movimento brusco da parte dela, mas não se lembra do disparo contra Nayara Rodrigues, de 18 anos. Segundo o acusado, o tiro contra Eloá foi dado depois que ele ouviu uma explosão na porta do apartamento em que mantinha a vítima refém havia mais de cem horas, em Santo André (SP). Ao ser interrogado, disse ainda que, durante todo o episódio, esteve nervoso, pressionado pela presença da polícia e ainda acreditando em uma suposta traição de Eloá.Logo no início do interrogatório, Lindemberg se mostrou seguro e pediu perdão à família da vítima. "Entendo a dor da dona Tina (Ana Cristina, mãe de Eloá) e aproveito a oportunidade para pedir perdão por tudo o que aconteceu, em público", disse. No dia do desfecho, 17 de outubro de 2008, ele relatou ter desconfiado da ação da polícia, que teria evacuado os arredores do prédio e interrompido uma suposta ligação telefônica com uma irmã. Por precaução, colocou uma mesa para bloquear a porta da residência.

A essa altura, Lindemberg afirmou que se preparava para sair com Eloá e a outra refém, Nayara Rodrigues, então com 15 anos, quando aconteceu a explosão. "Tomei um susto. Vi um movimento da Eloá, para levantar, e atirei. Não me lembro quantos tiros, mas acredito que mais de um". Lindemberg alegou ter interpretado o movimento da vítima como uma possível tentativa de tentar desarmá-lo. Sobre o tiro contra Nayara, não negou nem confessou. A última coisa que disse se lembrar é de estar sendo agredido pelos policiais no chão.

O acusado repetiu várias vezes durante o depoimento o quanto ficou impressionado com a chegada da polícia. "Eu olhava pela janela e só tinha viatura". O rapaz também falou por mais de uma vez ter se assustado ao ser lembrado por Eloá do caso ônibus 174, no Rio, em 2000, quando policiais mataram uma refém por engano e depois teriam assassinado o suspeito. Ainda afirmou ter havido quebra de confiança por parte da PM, quando um policial teria mexido na maçaneta da porta. A respeito das frequentes ameaças de matar as vítimas, gravadas pela Polícia Militar durante a negociação, Lindemberg se limitou a dizer que se tratava de blefe. No final, o réu voltou a pedir perdão à família de Eloá.

Continuação

Às 19h45 de ontem, a juíza Milena Dias encerrou os trabalhos, que deverão ser retomados às 9 horas de hoje, com debates de acusação e defesa. A primeira a falar será a promotora Daniela Hashimoto, por 1h30. Depois, virá a advogada Ana Lucia Assad, por 1h30. Réplicas e tréplicas de uma hora podem ser solicitadas. Na sequência, o júri (6 homens e 1 mulher) se reunirá para decidir o futuro de Lindemberg.

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