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Educação

Língua e currículo são desafios para estudantes brasiguaios

Pesquisa eleitoral |
Pesquisa eleitoral (Foto: )

Cascavel – Depois de viver a maior parte da infância em Santa Rita, no Paraguai, Jéferson de Souza, 16 anos, voltou ao Brasil ano passado. Além de encarar a fase de adaptação depois de dez anos longe de seu país, o rapaz enfrenta problemas com os estudos. Ele está matriculado na Escola José Bonifácio, em Cascavel, na 3.ª série do Ensino Fundamental, quando deveria estar no 2.º ano do Ensino Médio. "Eu me sinto envergonhado em estar na 3.ª série. A adaptação é muito difícil", diz.

Rozendo dos Santos, 10 anos, é filho de sem-terra. A família dele foi para o Paraguai na década de 90 e retornou este ano. Hoje, o garoto pena para aprender a língua portuguesa. "A maior dificuldade é para escrever e estudar. No Brasil, o ensino é mais difícil", compara.

Jéferson e Rozendo são alguns dos estudantes brasiguaios (brasileiros que moraram no Paraguai) que têm dificuldades para se adaptar à rotina escolar quando retornam ao Brasil. Problemas como falta de documentação e defasagem no currículo desafiam professores da rede pública, para onde vai a maior parte desses estudantes.

Não há um levantamento oficial sobre o número de brasiguaios nas escolas do Paraná. Mas o problema é maior no Oeste do estado, principalmente nas cidades com maior concentração de sem-terra, como Cascavel, Ramilândia e Lindoeste, segundo o Núcleo Regional de Educação de Cascavel, que abrange 18 municípios.

Em Cascavel, cerca de 600 filhos de sem-terra estão matriculados na rede pública. Deste total, cerca de 40% são brasiguaios que chegaram nos últimos três anos. Dos 414 alunos da Escola Municipal José Bonifácio, no distrito de Rio do Salto, 200 vieram de acampamentos de sem-terra. Este ano, 82 estudantes estavam sem documentos. Com a ajuda do Conselho Tutelar e da Secretaria de Ação Social local, foi possível regularizar 50 matrículas. Os outros participam das atividades como "alunos ouvintes". "A escola aceitou os ouvintes para evitar que ficassem fora da sala de aula", afirma a diretora da escola, Simone Dalamaria Milioransa. "Temos um prazo. Se não obtivermos a documentação necessária, eles poderão perder o ano letivo."

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