Os passageiros que usam os ônibus das linhas metropolitanas integradas foram surpreendidos ontem com um folheto que informava sobre mudanças no vale-transporte do sistema e alterações de linhas a partir de sábado. Segundo o informativo, por causa da separação tarifária entre as linhas urbanas, geridas pela Urbs (prefeitura de Curitiba), e as metropolitanas integradas, que são de responsabilidade da Comec (governo do estado), o vale-transporte será diferente para os dois sistemas, sem que isso comprometa a integração.
No entanto, a Comec optou por "encurtar" o itinerário de quatro ligeirinhos. Para não prejudicar os usuários dessas linhas, a Urbs optou por criar duas linhas urbanas novas como compensação (leia mais nesta página).
A bilhetagem eletrônica das metropolitanas ficará a cargo da Metrocard, empresa que faz o mesmo serviço para as linhas metropolitanas não integradas e é de propriedade das empresas de ônibus. Para o período de transição, os usuários das linhas metropolitanas integradas devem adquirir um vale-transporte de papel ou pagar em dinheiro. Ônibus, estações-tubo e terminais identificados com "M" só aceitarão o pagamento dessa forma. Em São José dos Pinhais, poderá ser usado o cartão Vem, que é o sistema do município.
Esse vale-transporte de papel já poderia ser adquirido desde ontem, na sede da Metrocard, que fica no centro de Curitiba. Como é um instrumento temporário, estará impresso em cada vale a data de validade. Quem adquiriu créditos do cartão-transporte via Urbs ou recebe o benefício no trabalho não poderá usar o cartão nessas linhas metropolitanas.
Ainda de acordo com o folheto, algumas linhas sofrerão alterações de trajeto, o que será informado com antecedência pela Comec e empresas. A Comec informou, via nota, que a partir de sábado haverá mudança no local de integração de quatro linhas metropolitanas integradas de ligeirinhos. A Colombo/CIC terá seu ponto de integração no terminal do Cabral; Araucária/Curitiba, no terminal do Capão Raso; São José/Barreirinha, no terminal do Boqueirão; e Campo Largo/Curitiba, no Campina do Siqueira.
Segundo o diretor presidente da Comec, Omar Akel, quando a prefeitura de Curitiba editou a nova tarifa só para a capital, deixou claro que a Urbs estava responsável apenas pela administração e pagamento das linhas urbanas e que a linhas metropolitanas seriam de responsabilidade do governo do estado, através da Comec. "Rapidamente estruturamos uma forma de deixar o sistema operando, com administração eficiente, que garantisse a continuidade da atividade e com forma de viabilizar seu custeio. Essas linhas que operam tem de ser pagas", diz. Com o encerramento do convênio entre os dois órgãos, a Urbs passou a reter o dinheiro da bilhetagem eletrônica correspondente às empresas metropolitanas para abater a dívida que a Comec tem com o atraso dos repasses do subsídio.
Durante o dia, muitos usuários do sistema reclamaram da mudança na bilhetagem no meio do mês, pois já teriam comprado os créditos para o mês inteiro ou recebido de seus empregadores. "A partir das reações que estão acontecendo hoje, estamos estudando se há alguma outra alternativa para resolver o problema dessas pessoas", disse Akel. A previsão é de que o novo projeto do sistema de bilhetagem, estrutura de fibra ótica e leitores de cartão sejam desenvolvidos em 90 dias.
A reportagem tentou contato com a Metrocard, no telefone informado no folheto e site, mas não obteve sucesso.
Manifestantes são recebidos por secretário
O secretário de municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, recebeu ontem de manhã representantes da Frente de Luta pelo Transporte, que acamparam na noite de terça-feira em frente da prefeitura pedindo a redução da tarifa. O secretário apresentou as medidas que o Executivo vem tomando para reduzir o custo do sistema de transporte, como a retirada de itens da planilha e um subsídio de R$ 2 milhões por mês destinado a evitar uma tarifa maior para o usuário. Também colocou a Urbs à disposição para apresentar todos os dados disponíveis sobre o assunto.
Via Facebook, a Frente informou que nas duas reuniões houve a mesma resposta, de que não haveria "disposição real de negociar com o movimento a redução da tarifa". O grupo desmontou o acampamento e se juntou à movimentação de servidores estaduais na Alep.