As linhas de transmissão de energia elétrica na região de Itaberá (SP) que originaram o apagão que atingiu 20 estados e o Distrito Federal em novembro voltaram a desligar na noite de quarta-feira (16).

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As linhas afetadas foram exatamente as mesmas que sofreram pane no apagão de novembro: duas que ligam as cidades de Ivaiporã (PR) a Itaberá (SP) e uma terceira entre as estações de Itaberá e Tijuco Preto (SP). É a primeira ocorrência nessas linhas depois do apagão de novembro.

Desta vez, porém, não houve corte de energia. As três linhas de transmissão foram desligadas, mas uma religou automaticamente, segundo Boletim Diário da Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que controla a transmissão de energia elétrica em todo o país.

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No apagão de novembro, três linhas se desligaram simultaneamente, afetando toda a geração de energia da usina de Itaipu, segundo as autoridades do setor elétrico. O sistema suporta o desligamento simultâneo de até duas linhas. O problema levou mais de sete horas para ser totalmente resolvido.

O religamento automático de uma das linhas nesta quarta evitou a interrupção do fornecimento de energia. No momento, segundo o boletim, "havia forte incidência de descargas atmosféricas".

O boletim do ONS informa que as causas do novo desligamento das linhas estão sendo investigadas pelo próprio órgão e por Furnas, responsável pela energia gerada na usina hidrelétrica de Itaipu, de onde partem as linhas de transmissão afetadas.

No episódio desta quarta, passaram-se 11 minutos entre o desligamento das linhas e a solução total do problema, segundo o ONS.

De acordo com relatório apresentado na quarta pelo ONS na Câmara dos Deputados, as "condições meteorológicas adversas" foram as responsáveis pelo apagão.

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O relatório sobre o blecaute de novembro diz ainda que "descargas atmosféricas e/ou redução da efetividade dos isoladores submetidos às condições meteorológicas adversas, como chuvas intensas e ventos" teriam sido os responsáveis pelo apagão.

O motivo do novo problema nas linhas de transmissão também pode ter sido o mesmo de acordo com o boletim diário do ONS. "Durante a ocorrência, havia forte incidência de descargas atmosféricas ao longo do tronco de 765 kV.

Segundo o boletim, "às 20h40 (de quarta) ocorreu o desligamento automático das LTs (linhas de transmissão) 765 kV Ivaiporã/Itaberá C1 e C2 e LT 765 kV Itaberá/Tijuco Preto C1, de Furnas. A LT 765 kv Itaberá/Tijuco Preto C1 teve religamento automático com sucesso. Em consequência, houve atuação correta da lógica 15 do tronco de 765 kV, desligando as UGs 12, 16 e 18 da UHE Itaipu 60 Hz, com um total de 1184 MW de geração. Às 20h42, foi iniciada a normalização das UGs de Itaipu. Às 20h47, foi ligada a LT 765 kV Ivaiporã/Itaberá C2 e às 20h51, foi ligada a LT 765 kV Ivaiporã/Itaberá C1."

Segundo a assessoria do ONS, é comum linhas se desligarem sem haver perda de carga para o consumidor.

Questionada se o caso não mostra fragilidade do ponto afetado, a assessoria do órgão informou que a região tem grande incidência de raios que podem ser a causa de problemas.

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Para Luiz Pereira de Azevedo Filho, secretário-geral do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), engenheiro aposentado de Furnas, o caso mostra que trata-se de um ponto frágil do sistema elétrico.

"De novo, não funcionou a proteção (contra o desligamento), mas o operador nacional do sistema estava atento e reverteu sem maiores danos. Diminuiu a geração de Itaipu. E de novo foi a tempestade (a causa)."

O engenheiro avalia que o sistema integrado de energia é bom em termos de proteção, mas que precisa investimento nos mecanismos de ilhamento - isolamento de panes.

Segundo ele, a proteção maior nas linhas encarece a energia, mas deve ser feita. "Deve ser feita em locais de maior risco, num pequeno trecho. Mas tem que prevenir. (..) Estamos correndo risco a todo momento de novos incidentes, quando aumenta a incidência de raios."

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