A divulgação de uma lista com doze nomes presos paulistas que fariam parte do grupo de 40 detentos a ser transferidos para a Penitenciária Federal de Catanduvas, a 60 quilômetros de Cascavel, na Região Oeste, provocou ontem uma nova onda de ataques do crime organizado no estado de São Paulo, deixando sete mortos. O secretário de Estado da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, em entrevista coletiva, confirmou que a lista motivou os ataques, mas negou a sua existência, embora seu colega da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, tenha reservado 40 vagas na unidade. Em virtude disso, alguns municípios do Paraná começaram a reforçar a segurança nas delegacias e nas cadeias públicas para evitar novas rebeliões e motins. Com medo, alguns agentes penitenciários já estão andando armados.
Em Catanduvas, que vai "hospedar" os presos mais perigosos do país, ainda há uma sensação de normalidade até a chegada dos detentos. "Estamos apostando na segurança máxima da penitenciária quando eles estiverem lá dentro", afirma o professor Miguel Ide, que trabalha numa escola a cerca de 700 metros da penitenciária. Edson Neres, funcionário de um mercado, foi mais realista. "A gente só vai sentir a reação quando chegarem os primeiros presos", diz.
Há cerca de 60 dias, o PCC atacou e matou policiais, agentes penitenciários, guardas municipais e bombeiros em São Paulo. No Paraná, houve rebeliões. A reportagem da Gazeta do Povo confirmou o alerta para reforço na segurança em Campo Mourão, Jacarezinho, Ponta Grossa e Maringá. Já em Foz do Iguaçu, um dos reflexos do último motim foi o aumento do número de carcereiros na cadeia pública Laudemir Neves.
Em Jacarezinho, as polícias Civil e Militar estão em alerta nas cidades que fazem divisa com São Paulo. Já em Campo Mourão, no Centro-Oeste do estado, o receio de uma nova rebelião levou a 16.ª Subdivisão Policial a alterar a escala de plantão dos policiais, intensificar as operações de pente fino no interior das celas e monitorar a delegacia com câmeras de vídeo.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, Manoel Antônio de Oliveira Franco, não basta reforçar a segurança e construir novas penitenciárias enquanto não houver estrutura para recuperar os presos. "A partir do momento em que o Estado não dá assistência ao preso, não se trabalha a ressocialização", argumenta. "Queremos aqui a mesma energia do governo paulista, mas para prevenir o que está ocorrendo lá, não para remediar", afirma a presidente do Sindicato dos Servidores no Sistema Penitenciário Estadual, Sandra Márcia Duarte.
A lista de nomes dos chefões da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que estariam a caminho de Catanduvas saiu ontem no jornal Folha de S.Paulo. Ela é encabeçada por Marcos Camacho, o Marcola, e seus homens de confiança, entre eles Orlando Mota Júnior, o Macarrão.