Investigadores da polícia civil mineira encontraram nesta quarta-feira (14), durante buscas na farmácia interditada Fórmula Pharma, em Teófilo Otoni, uma lista com seis novos nomes de clientes que teriam consumido o vermífugo manipulado secnidazol, que teria provocado a morte de nove pessoas na região do Vale do Mucuri. Os nomes seriam de moradores da zona rural de Teófilo Otoni e cidades vizinhas.
Também foram recolhidos na operação computadores, documentos, medicamentos e substâncias psicotrópicas proibidas. O número de mortos chegou a nove nesta quarta.
O secretário de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza, disse à reportagem que o proprietário da farmácia, Henrique Luiz Portilho, não está contribuindo em nada com as investigações. "A conduta dele tem sido muito ruim. Havia essa lista e ele não comunicou às autoridades", afirmou o secretário.
Antônio Jorge disse ainda que a secretaria recebeu denúncias de que a prática de estocar medicamentos manipulados, que é proibida por lei, não é exclusiva da Fórmula Pharma na região. A denúncia motivou uma operação nas farmácias de cidades vizinhas de Teófilo Otoni, e uma unidade chegou a ser interditada no município de Itambacuri, nesta quarta-feira.
O depoimento de Portilho, previsto para ocorrer nesta quarta à tarde não ocorreu. Ele chegou a comparecer à delegacia local, mas foi embora assustado com a intensa movimentação da imprensa. A farmacêutica responsável pelos medicamentos da Fórmula Pharma, Anne Nascimento Pinheiro, e o gerente da empresa, Lucas Portilho, irmão do proprietário, disseram à delegada Herta Coimbra que seguiam todos os procedimentos legais na manipulação dos medicamentos. Eles saíram da delegacia escondendo o rosto e sem dar declarações.
Sabotagem
A advogada de Portilho, Cleide Francisco de Carvalho, disse aos jornalistas que não descarta a possibilidade de sabotagem na farmácia e que a fórmula do medicamento tenha sido alterada propositalmente. Uma amiga do empresário afirmou à reportagem que ele e a família estariam em estado de choque e chorando muito.
A principal suspeita é de que a matéria-prima do medicamento tenha sido trocada. Segundo a Secretaria de Saúde, pelos sintomas das pessoas que morreram, há possibilidade de elas terem ingerido anti-hipertensivo (metaprolol) em uma dosagem até 40 vezes maior que o indicado. Os sintomas são queda de pressão arterial (hipotensão), batimento cardíaco reduzido (braquicardia), dor no peito, arroxeamento da pele (cianose) e sensação de desmaio.
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