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Prevenção

Lista negra pretende inibir trotes

Central de atendimento da Polícia Rodoviária Estadual em  Londrina: quase a metade das ligações recebidas diariamente  é de brincadeiras | Roberto Custódio/JL
Central de atendimento da Polícia Rodoviária Estadual em Londrina: quase a metade das ligações recebidas diariamente é de brincadeiras (Foto: Roberto Custódio/JL)

Donos de linhas telefônicas poderão ser responsabilizados judicialmente por trotes feitos a partir desses números. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) estuda acionar o Ministério Público (MP) para diminuir a incidência de ligações indesejadas, na maioria das vezes, brincadeiras de mau gosto. De uma média de 650 ligações diárias ao telefone de emergências 198 na região de Lon­­drina, no Norte do estado, pelo menos 46% delas são trotes. A PRE mantém uma lista com mais de uma centena de números, cujas ligações foram trotes."Esses trotes atrapalham e interferem no serviço", afirma o tenente Pedro Ramos, da PRE de Londrina. Quando o policial rodoviário atende uma ligação falsa, muitas vezes deixa de receber uma chamada de emergência real, o que acaba atrasando o deslocamento de uma equipe até o local. "Vamos comunicar as empresas telefônicas e o Minis­­tério Público no sentido de tomar alguma medida em relação ao responsável [pela linha telefônica]", explica o tenente. O objetivo é chamar a atenção dos adultos para as "brincadeiras" de crianças, já que toda linha telefônica tem um CPF cadastrado.

"A gente percebe que são crianças e adolescentes ligando de celular e até de telefones públicos. As ligações são registradas e, muitas delas, são em horários de intervalo de aula ou após o colégio", explica Ramos. Todos os números ficam registrados em uma central telefônica na sede da 2.ª Companhia da Polícia Rodoviária. "Os telefones aparecem num painel. Existem alguns que já sabemos que são trotes. Muitos orelhões de dentro da cidade", diz.

Os números de trotes são anotados em uma lista paralela. Alguns já foram até memorizados pelos operadores. Entre­­tanto, mesmo sabendo que são falsas, as chamadas atrapalham o serviço, porque o policial tem o trabalho de ligar e desligar a ocorrência.

Bombeiros

A ideia de acionar o MP é justamente porque a polícia não tem um mecanismo para ir atrás de cada telefone anotado. A alternativa parece ter dado certo com o Corpo de Bombeiros. "Há uns dez anos, quando implantamos um identificador de chamadas, flagramos umas duas ou três pessoas que davam trotes costumeiramente. Conduzimos à delegacia e ao Ministério Público", disse o tenente-coronel Jorge Luiz Pereira.

Outra forma de conscientização são as palestras em escolas. O esclarecimento à comunidade foi um dos pontos que ajudou a derrubar a incidência de trotes na corporação: das cerca de mil ligações diárias, apenas 5% delas são trotes. A brincadeira de crianças e adolescentes na porta de escolas também era fator de ligações indesejadas, além de identificar o número dos telefones públicos. "Demos muitas palestras em colégios. Em determinadas avenidas, havia cinco orelhões e três deles eram usados para trotes. Colo­­camos equipes nessas rotas para conversar com as pessoas que passavam por ali", conta.

Mas todas as medidas preventivas não eliminam os solitários. São pessoas que ligam durante a madrugada para conversar com os atendentes. Nes­­sas situações, o serviço funciona como atendimento assistencial, o que também tumultua o trabalho. Os bombeiros são obrigados a checar a informação, mesmo se desconfiarem do trote. "Senão podemos sofrer pena de omissão de socorro", explica Pereira.

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