Eles deixaram seus países para empreender no litoral do Paraná. Alguns vieram em busca de oportunidades de negócios, enquanto outros decidiram fincar os pés nas areias paranaenses para fugir da situação econômica de seus países. Só em Guaratuba, há pelo menos três estrangeiros, vindos dos vizinhos latino-americanos, com negócios próprios, segundo a Associação Comercial e Empresarial da cidade.
A argentina Elisa Susana Gutierrez, 36 anos, é uma delas. “Quem reclama da crise brasileira, nunca passou por uma como a do meu país”, conta. Ela e a família viveram a Argentina de Carlos Menem (1989-1999) e o início da “Era K”, período marcado pelos 12 anos de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner no poder, que deixaram como legado ao país uma inflação de 25%.
Em Guaratuba, ela não encontrou só um povo acolhedor e receptivo, como diz, mas um lugar propício para montar o restaurante El Rancho. A primeira sede, com foco em frutos do mar, foi inaugurada em 2004. A segunda, que tem a carne argentina como carro-chefe, em setembro de 2016. O restaurante, ao pé do Morro do Cristo, já está na lista de melhores de Guaratuba no TripAdvisor, site que fornece avaliações feitas pelos próprios consumidores.
Não é só na gastronomia que os estrangeiros atuam. O peruano Sergio Mendoza Arredondo, 42 anos, chegou ao Brasil 20 anos atrás. Naquela época, trabalhava como muambeiro, trazendo produtos de seu país para revender em terras brasileiras. Hoje, ele tem uma loja de artesanato com 700 metros quadrados em Guaratuba, chamada Loja Central do Artesanato, além de outras duas em Balneário Camboriú (SC).
O atrativo de sua loja é a variedade. Além de peças vindas de sua terra natal, ele oferece artefatos vindos da Argentina, Bolívia, Chile e inclusive alguns feitos por artesãos da própria comunidade. “Aqui difundo não só a arte peruana, mas a de Guaratuba, a do Paraná e a de toda a América Latina”, conta.
Divulgar o litoral
O sonho, tanto de Elisa quanto de Arredondo, é mostrar que o litoral do Paraná pode ser tão bom quanto o de Santa Catarina. “Aqui a praia é bonita e o mar, tranquilo. O que falta mesmo é divulgação da cidade por parte das autoridades”, diz a argentina que, além de empresária, também é professora de espanhol.
Certo dia uma proprietária de uma loja de cosméticos de Guaratuba chamou Elisa e perguntou: “Me diga uma coisa, como se diz chapinha em espanhol?”. Foi aí que ela percebeu que poderia utilizar outra ferramenta para ampliar não só a divulgação do litoral, mas também para dar um “up” no comércio local: o ensino de espanhol.
Neste ano, com a ajuda de uma escola de idioma, ela vai dar aulas aos comerciantes. E o momento é bem propício, já que os turistas dos países vizinhos, acostumados às praias de Santa Catarina, estão começando a descobrir o litoral do Paraná. “Acho a ideia muito bacana, principalmente porque, nesta temporada, percebemos que o número de turistas de países latino-americanos foi maior do que no ano passado”, conta Luiz Antonio Michaliszyn Filho, diretor presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guaratuba.
Só a presença de paraguaios, segundo associações comerciais de Matinhos e Pontal do Paraná, cresceu 10% nesta temporada. O empresário Dario Rodriguez, 36 anos, é um deles. “Não encontrei muitos comerciantes falando espanhol por aqui. Acho que isso com certeza colaboraria com o turismo e os negócios da região”, conta ele, que chegou a Guaratuba na terça-feira (3).
Já Arredondo quer usar o artesanato para movimentar o turismo de Guaratuba. A ideia é montar, nos próximos anos, uma grande feira com produtos vindos de diversas partes do mundo. “Sempre tem que ter algo para o turista fazer na praia. Hoje em dia, Guaratuba não oferece quase nada e é isso que quero mudar”, relata.
Para quem ficou curioso, a tradução de chapinha para espanhol é alisador de pelo .
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião