• Carregando...
A comunidade de Floresta, na região rural de Morretes, foi completamente destruída por deslizamentos que atingiram a localidade. Moradores tiveram de ser resgatados por helicópteros | Anieli Nascimento/Gazeta do Povo
A comunidade de Floresta, na região rural de Morretes, foi completamente destruída por deslizamentos que atingiram a localidade. Moradores tiveram de ser resgatados por helicópteros| Foto: Anieli Nascimento/Gazeta do Povo

Doações

Para quem quer ajudar as vítimas no litoral do Paraná:

A população atingida pela chuva precisa, com urgência, de doações de alimentos não perecíveis e de consumo imediato, água mineral, roupas, colchões, cobertores e material de higiene. Segundo a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil mais de 137 toneladas de donativos já foram enviadas para o litoral, mas a campanha de arrecadação do governo do Paraná e da prefeitura de Curitiba continua. Confira os pontos de doação na capital:

- Supermercados das Rede Big e Mercadorama;

- Fundação de Ação Social, na Rua Eduardo Sprada, 4.520, Campo Comprido;

- Pontos de coleta do Provopar;

- Postos do Corpo de Bombeiros;

- Administrações Regionais da prefeitura e sede central da prefeitura, no Centro Cívico;

- O barracão da Defesa Civil, na Rua Sergipe, 1.712, Vila Guaíra, está recebendo a doação de colchões.

Mais informações pelo telefone (41) 3350-2607.

Depoimento

Odisseia para chegar a Antonina

Desde o sábado, a equipe de reportagem da Gazeta do Povo que estava no litoral para a cobertura do verão tentava chegar a Antonina. Como não foi possível o acesso pela estrada, a partir de Paranaguá, seguimos para o Porto da cidade na tentativa de pegar um barco para Antonina. Poucos queriam ir para a cidade e quem oferecia o serviço cobrava até R$ 600 reais por um trajeto que leva de 30 a 40 minutos. Sem conseguir embarcação particular, a reportagem entrou em contato com a Capitania dos Portos do Paraná/Marinha do Brasil, que, ontem, conseguiu nos transportar junto com bombeiros que se dirigiam para a região e também tinham dificuldade no acesso. Em outro barco, colchões e mantimentos eram enviados para a cidade, que teve centenas de pessoas que perderam absolutamente tudo o que tinha em suas casas. Nas ruas de Antonina, apesardo comércio fechado e da população assustada, a solidariedade predominou: rapidamente surgiram doações e voluntários que ajudavam nos abrigos e no carregamento de água no trapiche municipal.

Isadora Rupp, repórter, e Walter Alves, fotográfo

  • Casas foram totalmente destruídas em Antonina. Duas pessoas morreram na cidade

A situação no litoral paranaense tem se agravado diante de um dos piores desastres naturais registrados no estado. A chuva que cai na região desde quinta-feira passada provocou enchentes e uma série de deslizamentos que derrubaram casas e interromperam todos os acessos rodoviários aos municípios litorâneos. Diante desse isolamento, começa a faltar água mineral, gasolina e alguns alimentos, como carnes e comidas prontas para o consumo. A insegurança também assola quem está por lá, já que a possibilidade de saques também aumenta. A situação é mais crítica em Antonina, mas Morretes e Paranaguá também tentam se reerguer em meio à tragédia.

Ao todo, são dois mortos em Antonina, uma pessoa desaparecida em Morretes e o número de desalojados e desabrigados em todo o litoral chega a 9.420. São pessoas com semblante de espanto e incerteza que tomam conta de todas as regiões afetadas. Antonina declarou estado de emergência na sexta-feira e, ontem, Morretes decretou estado de calamidade pública. Antoninenses são enfáticos: nunca houve uma situação tão crítica quanto essa.

O número de vítimas em Anto­­­nina só não foi maior devido a um trabalho preventivo. Segundo o major Antônio Hiller, da Defesa Civil Estadual, na manhã de sexta-feira, a Minerais do Paraná S/A (Mineropar) inspecionou morros da cidade, entre eles o Laranjeira, e alertou a Defesa Civil que os moradores deveriam deixar suas casas. Imedia­tamente, a população foi avisada, mas alguns moradores permaneceram em suas residências. Entre eles a dona de casa Vânia Santana. Foi a filha Rebeca, de 6 anos, quem viu o morro desabando. "Estávamos na cama vendo televisão e comendo pipoca. Saímos pela misericórdia. Só deu tempo de correr", relata Vânia.

A região mais afetada de Antonina foi a do Mirante da Pedra, no bairro Laranjeira. Cer­­ca de 90 pessoas moravam no local e todas estão desabrigadas. O cenário é de destruição: casas totalmente soterradas pelo barro e muitas árvores e galhos espalhados por todos os lados. Na manhã de ontem, os moradores foram autorizados a retirar o que restava dentro das casas. O portuário Derli Batista da Costa tentava salvar alguns móveis e carregava roupas. "Foi barulho de árvore e pedra rolando. Fiquei tão desesperado que saí correndo", lembra. Logo, as pessoas tiveram de deixar o local novamente porque havia risco de novo deslizamento.

O prefeito de Antonina, Carlos Augusto Machado, não soube precisar o porcentual afetado da cidade e o prejuízo ainda não foi estimado. Ele ainda sabe pouco sobre os recursos que serão destinados para a cidade. "Na terça-feira terei uma reunião com o Ministério da Integração Nacional. Só então saberei o que será possível fazer."

Desabrigados

Em Antonina, desabrigados são encaminhados para as igrejas Batista, Quadrangular, Palavra da Fé e Salão Paroquial. Segundo a responsável pela Igreja Batista, a pastora Terezinha Meirelles, 86 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, estão no local e cerca de 20 vêm se alimentar no abrigo. Os espaços foram separados para homens e mulheres. Entre os atendidos estão a zeladora Tânia Mara de Santos e dez parentes. Ela conta que não conseguiu salvar nem os documentos. "Minha casa foi engolida." E relata que muitos moradores não acreditaram no alerta da Defesa Civil.

Mantimentos

Por causa da interdição das estradas, fornecedores de alimentos e combustíveis não conseguem chegar a Antonina. A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso somente pelo mar, por meio da Capitania dos Portos do Paraná/Marinha do Brasil. Equipes da capitania atuam de forma voluntária, transportando bombeiros e levando água para a cidade. Os moradores podem conseguir alimentos, água e leite na estrutura montada pela Defesa Civil, na Estação Ferroviária. Também não há mais gasolina nos postos de combustível, apenas álcool.

Morretes

Nas ruas de Morretes restaram en­­tulhos, areia, terra e móveis estragados. A zeladora Zilma Rocha, moradora do Rocio, um dos bairros mais atingidos, saiu às pressas de casa na sexta-feira, depois que a água atingiu a altura da janela. "Perdi o sofá, colchões e comida. Agora até tudo voltar ao normal, demora". Localidades rurais pertencentes a Morretes, como Flores­ta, foram totalmente devastadas e os moradores tiveram de ser resgatados por helicópteros. Cerca de 40 pessoas foram abrigadas no Colégio Estadual Rocha Pombo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]