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Rede de livrarias retira de suas lojas livro que denuncia violência do movimento Antifa
Livro de autoria do jornalista Andy Ngo não será comercializado nas lojas físicas da Powell’s Books, maior livraria de Portland, após propostos de militantes antifa| Foto: Reprodução Facebook Powell’s Books

Após sucessivas manifestações por parte de militantes dos movimentos de extrema-esquerda Antifa e Black Lives Matter, a Powell's Books, maior livraria de Portland, cidade norte-americana localizada no estado de Oregon, afirmou que não venderá em nenhuma das lojas da rede os exemplares de um livro de autoria do jornalista Andy Ngo. A obra denuncia os atos violentos e autoritários dos militantes extremistas que se autodenominam “antifascistas”.

O livro, que ainda está em pré-venda, chama-se “Unmasked: inside Antifa's radical plan to destroy democracy” (em português: “Desmascarados: por dentro do plano radical da Antifa para destruir a democracia”). De acordo com o jornalista, a publicação conta a história do movimento, narra diversos episódios de crimes como vandalismo e agressões físicas por parte dos militantes e traz uma série de relatos de ex-seguidores do grupo e de pessoas que foram atacadas violentamente pelos antifas, além de histórias que o próprio autor – que já foi brutalmente espancado pelos militantes – testemunhou em suas coberturas.

Quem é Andy Ngo?

Andy Ngo é um jornalista conservador norte-americano famoso por cobrir protestos de rua em Portland, sua cidade natal, e em cidades próximas. Em seu perfil no Twitter, ele publica vídeos  e fotos de atos criminosos por parte de movimentos de extrema-esquerda.

Em 29 de junho de 2019, ao cobrir uma manifestação do grupo de direita Proud Boys, Ngo teve hemorragia cerebral após ser espancado por militantes do movimento Antifa que se deslocaram até o local onde ocorria o ato. Desde então, o jornalista passou a se dedicar a escrever o livro relatando os episódios de crimes e incidentes violentos.

  Jornalista Andy Ngo após ser espancado por militantes Antifa em junho de 2019 (Reprodução Andy Ngo)
Jornalista Andy Ngo após ser espancado por militantes Antifa em junho de 2019 (Reprodução Andy Ngo)

Militantes antifa organizaram manifestações para impedir venda do livro 

Nas últimas semanas, o livro – que será lançado no início de fevereiro – entrou em pré-venda em várias livrarias virtuais. Mesmo antes de a publicação ser efetivamente lançada, teve início uma ofensiva pelas redes sociais por parte de militantes de extrema-esquerda para impedir que o livro fosse comercializado fisicamente, nas livrarias norte-americanas, e pela internet. Um dos alvos foi a Powell's Books, principal rede de livrarias de Portland, que possui cinco unidades – sua principal loja ocupa um quarteirão inteiro no centro da cidade.

No domingo, dia 10 de janeiro, militantes passaram a pressionar a rede para banir o livro de Andy Ngo de sua loja virtual e não comercializar os exemplares na loja física após o lançamento. O argumento era de que ao disponibilizarem a publicação estariam “propagando racismo e ideologia de direita” e apoiando um “livro fascista escrito por um nazista”.

Diante dos protestos, no dia 11 de janeiro, a Powell's Books informou em seu perfil oficial no Twitter que o livro não seria comercializado em suas lojas, mas seria mantido em seu catálogo virtual. “Este livro não será colocado em nossas prateleiras. Não iremos promovê-lo. Dito isso, ele permanecerá em nossa loja online. Carregamos muitos livros que consideramos abomináveis, bem como aqueles que estimamos. Acreditamos que isso seja o trabalho de vendedores de livros”, diz um trecho da publicação.

Paralelamente, a rede publicou em seu site um comunicado assinado pela presidente e proprietária, Emily Powell, com o título “Compromisso da Powell's com a liberdade de expressão”, no qual cita: “Desde domingo, a Powell's recebeu centenas de e-mails, ligações e comentários de mídia social pedindo que removêssemos o ‘Unmasked’ do Powells.com. Devido a protestos fora de nosso local de Burnside, optamos por fechar nossa loja para manter nossos funcionários e clientes seguros. Estamos monitorando a situação diariamente e a reabriremos quando for seguro. Nossos outros locais e website permanecem abertos”.

Em outro trecho da nota, a empresa cede à censura dos antifas: “É horrível e repugnante dar um ar de escrita que possa causar uma dor tão profunda aos membros de nossa comunidade. Mas sempre vendemos livros que muitos de nós rejeitaríamos”.

Na página de venda do livro, dentro do site da rede, há uma informação em destaque reiterando que o livro não está disponível nas lojas e que a Powell's não fez curadoria prévia, mas que a publicação chegou “por meio de um feed de dados automático de uma de nossas editoras respeitadas e de longa data” – “Carregamos livros que achamos em qualquer lugar, desde simplesmente desagradáveis ​​ou mal escritos, até execráveis, assim como aqueles que estimamos”, segue o texto em destaque.

Após a publicação oficial da rede, Andy Ngo questionou a forma como a obra foi julgada, já que, como o livro ainda não foi lançado, não haveria como classificar se existe qualquer tipo de menção antidemocrática na obra. “A Sra. Powell deveria reconsiderar se ela realmente defende a neutralidade e a liberdade de expressão quando ela tão facilmente condena um livro que ela não leu”, disse o autor a um jornal local.

Destaca-se que o livro Mein Kampf, de autoria de Adolf Hitler, no qual ele expressa suas ideias antissemitas e racistas que foram adotadas pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista, é comercializado pela Powell's Books sem a “tarja” com a mesma informação que acompanha o livro de Ngo.

  “Kill Andy Ngo” (“Matem Andy Ngo”) – Pichação feita por extremistas de esquerda do Antifa pedindo a morte do jornalista conservador (Reprodução Andy Ngo)
“Kill Andy Ngo” (“Matem Andy Ngo”) – Pichação feita por extremistas de esquerda do Antifa pedindo a morte do jornalista conservador (Reprodução Andy Ngo)

Mesmo com a declaração da Powell's de que iria disponibilizar o livro somente pela internet, na mesma data da publicação militantes estiveram em frente às lojas da rede e uma das unidades precisou fechar as portas mais cedo por medida de segurança.

Em um dos vídeos do protesto no dia 11 de janeiro, um dos manifestantes, utilizando um megafone, diz que os militantes irão fechar a loja todos os dias e que a rede perderia dinheiro diariamente até que decidisse por retirar o livro do site. De fato, nos dias que se seguiram os ativistas continuaram protestando em frente às unidades da rede pela censura do livro de Ngo.

Após os protestos, Andy Ngo deu a seguinte declaração a uma rede de televisão de Oregon: “Dado que a Powell's dedica parte de cada ano a livros proibidos e censurados, é uma pena que eles tenham tomado a decisão de restringir as vendas na loja de um livro de um autor local semanas antes do lançamento. No entanto, também tenho simpatia por eles, dada a forma como a Antifa tem sido implacável em vandalizar e prejudicar as empresas locais”.

Protestos antifa impulsionaram venda do livro

Todos os acontecimentos, no entanto, impulsionaram as vendas do livro “Unmasked”. Antes que a polêmica se iniciasse, a obra havia alcançado apenas a posição nº 1.616 na Amazon. Nos dias que se seguiram ao pronunciamento da Powell’s, a publicação – mesmo em pré-venda – passou a figurar entre os livros mais vendidos do site e, no dia 13, alcançou temporariamente o primeiro lugar em vendas de sua categoria, à frente do clássico de George Orwell, 1984, e da autobiografia de Barack Obama.

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