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Santa Catarina

Livro de Tezza é recolhido em escolas

Aventuras Provisórias: trecho picante | Divulgação
Aventuras Provisórias: trecho picante (Foto: Divulgação)

Cerca de 130 mil exemplares do livro Aventuras Provisórias, do autor Cristovão Tezza, foram recolhidos nas escolas estaduais de Santa Catarina, porque a obra narra relações sexuais com detalhes picantes. A decisão foi tomada "por prudência" depois que foi constatada a existência de expressões consideradas incompatíveis com a idade de alunos das séries iniciais do Ensino Médio (de 14 a 18 anos). O assunto ganhou destaque nos últimos dias, após pais da região de Criciúma terem procurado as escolas reclamando do livro, incentivados pelas reclamações feitas em São Paulo por causa de charges que trazem palavrões em livros adotados pelas escolas.

Segundo Antônio Elízio Pazeto, diretor Educação Básica do estado, o livro foi adquirido por causa da sua qualidade literária. "Eles serão redistribuídos para as bibliotecas das salas de aula de alunos adultos, principalmente dos vestibulandos", disse.

A obra consta numa lista preparatória dos vestibulares e ganhou o prêmio Petrobras de Literatura Brasileira 1987. O estado gastou cerca de R$ 1,5 milhão, R$ 11,75 por exemplar, numa licitação feita no ano passado.

Trecho polêmico

Num dos trechos considerados polêmicos, o autor escreve "Eu broxei vergonhosamente mesmo depois de baixar a calcinha dela com os dentes (...)".

Segundo Cristovão Tezza, que é catarinense radicado em Curitiba, a obra é indicada para adultos, um retrato das gerações dos anos 70 e 80. "Eu não tenho nada a dizer. O meu crime foi escrever o livro", disse, em tom irônico. "É uma questão de bom-senso e depende de como o professor vai trabalhar isso na escola. Mas hoje o adolescente tem acesso a coisa bem mais picante na internet e na novela das oito", afirmou. "O meu medo é a caça às bruxas e que possam queimar livros em biblioteca", completou.

De acordo com especialistas, os governos usam critérios objetivos para adotar livros didáticos, que não podem conter preconceito e estereótipos, por exemplo. Mas no caso dos livros paradidáticos, outros pontos precisam ser avaliados, como a qualidade nas obras de literatura. "É preciso ver a adequação para a idade, mas há outros critérios em jogo, como a estética, se a intenção é trabalhar literatura. A ideia é sensibilizar o aluno para o texto literário", diz a professora Maria José Foltran, do Departamento de Linguística da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para a professora Cristiane Gioppo, do setor de Educação da UFPR, livros com linguagem popular, palavrões e charges e com outros conteúdos podem ser trabalhados nas escolas, desde que haja um contraponto.

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