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 | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Antes de emprestar o nome a uma travessa que liga a Praça Tiradentes à Rua Riachuelo, no Centro de Curitiba, Tobias de Macedo foi o primeiro comerciante a fazer o registro na Junta Comercial do Paraná, no fim do século 19. No Boqueirão, José Hauer hoje é associado à via que corta a região desde a Avenida Senador Salgado Filho até a Marechal Floriano. Entretanto, a contribuição direta desse fazendeiro alemão à vizinhança se deu dez metros acima do nível do asfalto, retirando os lampiões a gás e instalando luminárias elétricas em vários postes do bairro no início do século 20.

Essas e outras histórias es­­condidas em plaquinhas azuis são tema de um livro escrito pela arquiteta curitibana Ca­­mila Muzzillo, de 33 anos, funcionária do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). A obra 1.001 ruas de Curitiba, lançada neste mês, reúne breves biografias desses homenageados e mostra que, às vezes, a honraria está diretamente relacionada à história do bairro.

Embora a obra também contenha informações sobre personalidades nacionais e internacionais, a autora foca nos personagens locais, definidos por ela como "ilustres desconhecidos". "Mesmo no Centro, a quantidade de nomes nacionais não é grande. Mas nos bairros é que encontramos mais honrarias às pessoas que contribuíram para a formação daquela região", explica.

A pesquisa foi realizada em acervos públicos, entre eles a Casa da Memória, a Universidade Federal do Paraná, a Câmara Municipal e a Biblioteca Pública do Paraná.

E, novamente, Camila encontrou uma diferença entre o Centro e os bairros. "Os nomes centrais costumam ter mais informações. Mas, além dos dados oficiais, em muitos casos tive de fazer buscas na internet para descobrir algo sobre a vida da pessoa", lembra.

Curitiba tem mais de 14 mil ruas. Para selecionar as histórias que entraram no livro, Camila adotou uma amostragem que abrange todos os bairros e, em seguida, fez uma segunda seleção, peneirando as mais interessantes. "A ideia é falar de toda a cidade, mas selecionando as melhores histórias", diz.

A proposta para o livro partiu do pai, que é editor e conhecia uma obra similar sobre as ruas de São Paulo. Em 2006, o projeto ganhou direito a financiamento pela Lei de Incentivo à Cultura. O livro não retrata apenas as ruas com nomes de pessoas. Na página sobre a Rua XV de Novembro, o mais famoso calçadão de Curitiba, o leitor encontra um breve histórico da proclamação da República no Brasil. Consultar a Alameda das Hortências, no Mossunguê, leva a uma breve aula de botânica, assim com a Rua Holanda dá início a uma de geografia.

Serviço

O livro 1.001 ruas de Curitiba pode ser adquirido na editora Artes & Textos, por R$ 25. Contato: www.artesetextos.com.br ou (41)3352-6670.

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