Hoje é o dia de Ayrton Lacerda, de Amélia Berbetz, de Antônio Vicente, de Regina Martinski e de todos aqueles que têm mais de 60 anos de idade, ou melhor, de experiência. Em Curitiba, são 147.979 homens e mulheres (8% da população) que comemoram nesta data o Dia Nacional do Idoso. Essa população foi usada como base de pesquisa do livro "Idoso em Curitiba Avaliação das Condições de Vida", a ser lançado pela assistente social Maria de Fátima Paiva, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
O trabalho feito pela assistente social traça um perfil dos idosos em Curitiba. A coleta dos dados ocorreu em 13 unidades de saúde durante uma campanha de vacinação contra a gripe. "Assim não precisamos ir atrás dos pesquisados, eles vieram até a gente. Independente da situação sociocultural deles", explica a gerontóloga quem estuda o processo de envelhecimento do homem. Com esse levantamento, ela espera que ocorra uma maior integração entre o setor público e a sociedade para que sejam apresentadas ações partilhadas que garantam melhor qualidade de vida a essas pessoas.
Moradia e trabalho
Uma das constatações da pesquisadora é que 85,85% dos idosos de Curitiba moram com a família. Este é o caso de Antônio Vicente, 66 anos, e Regina Martinski, 62 anos. O casal vive num apartamento do Centro Cívico. Embora esteja dentro do perfil da maioria no que diz respeito à moradia, os dois inovam em alguns aspectos, entre eles o de não ter medo de novos desafios. Há quase um mês, o casal enfrenta um "bicho-papão" que já não assusta mais a neta de 9 anos o computador. "Os nossos filhos falavam que a gente precisava se atualizar. Não podíamos ficar alienados", afirma Regina.
Amélia Berbetz, 75 anos, gaúcha que há 50 anos mora em Curitiba, também se enquadra em um grupo predominante do estudo do Ippuc 38,75% dos entrevistados praticam algum trabalho doméstico. "Cuido de casa, faço tricô, bijuterias...", conta Amélia. Ela também gosta de fazer compras e ir ao cinema. Uma das coisas de que mais se orgulha é que em maio do próximo ano comemora Bodas de Ouro de casamento uma união que gerou três filhos e sete netos.
Lazer e reclamações
Aos 74 anos, o aposentado Ayrton Lacerda conta que veio para a capital com a família há 30 anos. Natural de Paranaguá, no litoral paranaense, ele revela que a mudança ocorreu para proporcionar melhor oportunidade de estudo aos cinco filhos. Hoje, o ex-bancário mora com a mulher e um dos filhos. Ele tem dois passatempos: conversar com amigos em um café da Praça Osório, no Centro, e assistir a programas sobre viagens e animais na televisão. A tevê é a mais popular opção de lazer para os idosos de Curitiba 22% deles a têm como primeira alternativa para as horas vagas.
São poucas as reclamações dos idosos relacionadas a como os idosos são tratados em Curitiba. Ayrton pede providências para o calçamento da cidade. Amélia conta que, no ônibus, algumas pessoas "fingem que estão dormindo" para não oferecer um lugar para sentar. "O defeito está nas pessoas. Tem gente nova, que acha que não vai ficar velho, que olha para a gente como se fôssemos vassouras que não varrem mais", reclama Antônio.
Serviço: o lançamento do livro "Idoso em Curitiba Avaliação das Condições de Vida", de Maria de Fátima Paiva, será às 15 horas do dia 6 de outubro, no auditório do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), na Rua Bom Jesus, 669, bairro Juvevê.
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