O descuido com a limpeza de quintais e terrenos baldios ainda é o principal obstáculo no combate ao mosquito da dengue. Em três das quatro cidades paranaenses enquadradas na faixa de alerta do índice de infestação do Aedes aegypti Foz do Iguçu, Maringá, Paranavaí e Guaíra , o lixo está em primeiro lugar entre os criadouros permanentes do transmissor. O descuido com os depósitos domiciliares como vasos de plantas e com o abastecimento de água caixas dágua desprotegidas também aumenta o risco de surtos e epidemias. Até o começo de outubro haviam sido registrados 897 casos da doença contra 24.566 no mesmo período de 2007 em todo o estado.
Em Foz do Iguaçu, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, aponta um leve crescimento nos percentuais médios de incidência do mosquito nos imóveis pesquisados. Enquanto em 2007 o índice era de 1,2%, este ano passou para 1,3%. Segundo o Supervisor Administrativo da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses, Eran Silva, a elevação do índice nesta época do ano é normal e se estende até março, período de altas temperaturas e chuvas mais freqüentes. "Algumas regiões apresentam índices ainda maiores. Por isso, o cuidado precisa ser redobrado não só por parte dos agentes de saúde, mas principalmente da população."
O aumento no fluxo de turistas durante as férias e festas de fim de ano na fronteira também preocupa. "Mesmo com todos esses fatores de risco, o trabalho de combate à dengue só sai da rotina quando há registro de casos positivos da doença o último aconteceu há cerca de um mês. Do contrário, as ações são constantemente voltadas à conscientização e à eliminação dos depósitos que podem se tornar criadouros do mosquito", explica Silva.
Risco
Outro município que observou alta no índice de infestação de 1,9% para 2,9% , Paranavaí se aproxima do grau mais elevado de perigo. Com 23 vítimas de dengue até o início de outubro, ocupa o sexto lugar no ranking de confirmações da doença entre as 22 Regionais de Saúde do Paraná, conforme o Boletim Informativo da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Segundo o relatório do Ministério da Saúde, os focos se acumulam nos chamados depósitos domiciliares.
Com êxito no objetivo de reduzir os índices de presença do mosquito, porém ainda dentro da faixa média de alerta, estão Maringá e Guaíra. A retração, explicam as respectivas secretarias municipais de Saúde, é resultado de mutirões de limpeza e do trabalho de orientação junto à comunidade. Em Guaíra, a incidência despencou de 3,3% para 1,8%. Maringá se aproxima do índice considerado satisfatório, hoje com 1% de infestação. Das 11 cidades avaliadas no estado, Paranaguá foi a única que não encaminhou os dados ao Ministério da Saúde nos últimos dois anos.