O cheiro do lixo e a presença de mosquitos já são situações frequentes para quem vive próximo ao Aterro da Caximba, na Região Sul de Curitiba. Desde o início das obras para a reconformação geométrica (reestruturação dos maciços de lixo), no entanto, esses problemas cresceram a um nível próximo do insuportável. No momento, a prefeitura de Curitiba está trabalhando na primeira fase do local, responsável por receber o lixo entre os anos de 1989 e 2004. Alguns desses resíduos, mesmo já em decomposição, ficam expostos por determinado tempo até receberem cobertura, permitindo a proliferação de mosquitos e o aumento do odor na região.
As casas de muitos moradores do bairro da Caximba são adjacentes ao aterro e elas estavam lá antes do espaço ser construído. A creche do bairro, por exemplo, fica distante 200 metros da cerca que separa as ruas do aterro, e inúmeras outras famílias vivem a mesma situação. "Quando eles começaram a mexer no lixo velho, o cheiro piorou muito. O problema já existia antes, mas ficou pior", relata o motorista Dirceu Ansai. Junto com o cheiro aparecem as moscas. "Se eu fizer um churrasco, elas comem antes do que a gente", brinca Ansai.
De acordo com o presidente da Aliança para o Desenvolvimento Comunitário da Caximba (Adecom), Jadir Silva de Lima, o odor depende de dois fatores principais: direção do vento e calor. Quando o vento sopra do aterro para o bairro, o cheiro forte é "onipresente": afeta praticamente toda a comunidade. Se correr do bairro para o aterro, o cheiro, muitas vezes, quase não é percebido. Se houver chuva seguida de forte calor, o sofrimento dos moradores cresce. "O lixo antigo está descoberto com a reconformação. Com chuva seguida de calor, é quase insuportável", relata.
Conforme a prefeitura de Curitiba, o trabalho de reconformação geométrica do Aterro da Caximba está dentro da normalidade. O mau cheiro e a presença de moscas são consideradas consequências comuns do trabalho, pois o lixo efetivamente permanece exposto por algum período. A administração pública ressalta, no entanto, que os resíduos serão cobertos quando as áreas de trabalho forem concluídas. E a prefeitura também afirma que o forte calor aliado às chuvas de verão auxiliam na proliferação dos mosquitos.
Ratos
Outra reclamação diz respeito à presença de ratos. A dona de casa Silmara Ocheliski conta que os animais apareceram nos últimos meses, data que coincide com as obras de reestruturação do aterro. Silmara relata que, em uma residência adjacente, sete ratos foram encontrados mortos de uma só vez com a colocação de veneno. "São verdadeiros bandos que estão aparecendo por aqui", afirma Silmara. A questão também se estende para outras casas. "Já há casos de leptospirose aqui na região. Uma das vizinhas está internada no hospital porque estava com a doença", diz.