Área no bairro Guaíra, em Curitiba, acumula entulhos e sobrados inacabados| Foto: Priscila Forone / Gazeta do Povo

Sobrados viram ponto de droga

Moradores da vizinhança do terreno em obras na Avenida República, no bairro Guaíra, em Curitiba, reclamam que os sobrados inacabados pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) têm servido de abrigo para usuários de drogas. "Depois que parou a construção, começou o problema", afirma a moradora Antônia Dombeque. "É um entra e sai de jovens, senhores, meninas.

Depois que anoitece, nunca deixo ninguém de casa passar sozinho por ali", descreve um morador que não quis se identificar.

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As obras da prefeitura inacabadas em um terreno da Avenida República, no bairro Guaíra, em Curitiba, estão causando transtornos para a vizinhança. O lixo que se acumula em parte do espaço faz com que ratos se proliferem na região e a construção pela metade se tornou ponto de consumo e venda de drogas. Vizinhos contam que as obras estão paralisadas há mais de seis meses.

A ideia da prefeitura é realocar moradores da Vila Formosa, no Novo Mundo, em sobrados a serem concluídos no terreno de cerca de 4,5 mil metros quadrados, localizado na altura do número 6.000. As obras foram iniciadas pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), mas, segundo o presidente do órgão João Elias de Oliveira, problemas com o contrato da construtora responsável, o aumento dos materiais de construção, a falta de mão de obra e as chuvas inviabilizaram a finalização dos sobrados até o momento. As obras devem ser retomadas em 60 dias, mas não há previsão de conclusão.

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O problema com o lixo começou há três meses. Resíduos de materiais de construção têm sido acumulados no local e virado ninhos de ratos. "Já encontrei [ratos] na minha casa. Jogam até cachorro morto ali. A situação só não está pior porque muitos carrinheiros recolhem papelão e azulejos", conta o feirante José Carlos Braine, que reside quase em frente do terreno.

Maria Francisco de Melo, moradora do bairro há 60 anos, conta que reclamou do acúmulo de lixo para a prefeitura no dia 26 de maio e nada teria sido feito. "Faz quase um ano que deixaram a terra ali. E agora, começou essa história do lixo. Esses dias, um carro deixou um monte de lata de tinta", reclama. Já Nilmar Cordeiro da Costa diz que é comum ver carros particulares trazendo lixo no local. "Sempre saem rápido, nunca conseguimos anotar a placa. Fora que, na redondeza, muita gente aproveita e joga uma sacolinha por ali também."

Depredação

Por outro lado, o presidente da Cohab reclama das várias ocorrências de depredação na obra, situação confirmada pela vizinhança. "Nós colocamos tapumes no local três vezes. Em todas roubaram. Foram pessoas da própria comunidade que depredaram alguns sobrados", diz Oli­veira. A moradora Maria do Carmo Arazaki relata o que houve com a obra. "Faltava só janelas, passar a massa e pintar. Agora, todo o madeiramento e parte dos tijolos foram roubados".

Sobre o lixo acumulado no terreno, Oliveira explica que a responsabilidade de retirar os resíduos é da companhia junto com a construtora responsável (Viaplan Engenharia).

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Oliveira alega que a recolha de lixo já foi feita em toda a região. "Pelo contrato, todo e qualquer lixo é responsabilidade da construtora e da Cohab. Se o lixo não foi tirado, a falha é nossa. Mas não estamos dando conta de tanta sujeira na região", la­­menta. De acordo com a Cohab, há registro de limpeza na Ave­nida República e entorno nos dias 10 e 20 de junho. "Cada uma [das limpezas] custa por volta de R$ 1,9 mil. O problema é que a gente limpa, e logo está sujo. Também esperamos que essa situação seja resolvida", frisa.

A Cohab diz que ainda é difícil manter fiscais atuando constantemente na região. "Muitos ficaram inseguros, receberam ameaças e não quiseram mais atuar", conta. A Viaplan Enge­nharia foi procurada pela reportagem, mas não retornou às ligações.