Alguns locais de prova da segunda fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) podem ser alterados, caso os prédios da instituição que estão tomados pelo movimento estudantil não sejam desocupados até o dia 20 de novembro. O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, no entanto, aposta que haja um acordo com os estudantes que participam da mobilização antes dessa data. Ele ressaltou que a universidade construiu “uma mesa de negociação” com os alunos e vai apostar no diálogo para solucionar o impasse. Independentemente disso, o vestibular está garantido.
“O processo de ingresso na universidade por meio do vestibular está assegurado. A segunda fase está sendo preparada com todos os requisitos que se espera e será um vestibular tranquilo, seguro e exitoso”, apontou Akel Sobrinho, em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (11).
Segundo a reitoria, oito espaços da UFPR permanecem tomados pelos estudantes – sete deles em Curitiba e um, no Litoral. Cerca de 15 mil candidatos devem participar da segunda fase do vestibular, que será realizada nos dias 27 de novembro (para todos os cursos) e 28 de novembro (para as graduações que exigem prova de conhecimentos específicos). Se os prédios não forem desocupados, a universidade terá que transferir os locais onde algumas das provas seriam aplicadas. Neste caso, a UFPR teria que arcar com um custo logístico que não estava previsto.
“Nós precisaríamos de pelo menos uma semana para preparar as salas para as provas, por isso o prazo [para desocupação] seria até o dia 20”, disse o reitor. “Precisamos deste apoio do movimento estudantil. Se quer o apoio da população, não se pode ferir de morte a educação”, afirmou o reitor.
Troca de ocupações por “grande mobilização social”
O reitor destacou que vai optar pelo diálogo, em detrimento a eventuais medidas judiciais, para tentar a desocupação dos prédios. Os estudantes formaram um comando do movimento, que mantém negociação com a UFPR. O reitor pondera que o caso envolve direitos conflitantes: o de manifestação (dos estudantes que ocuparam os prédios) e de ir e vir, de trabalhar e de estudar (dos servidores e alunos). Por causa disso, Akel Sobrinho espera que haja o “equilíbrio entre essas duas forças”, para que os espaços sejam liberados de forma pacífica.
“As ocupações já cumpriram seu papel, de chamar a atenção da sociedade para as pautas defendias pelos estudantes, que são contrários à PEC 55 (que prevê tetos para os gastos públicos) e a MP 746 (que propõe a forma do ensino médio)”, apontou o reitor. “Nós propomos trocar as ocupações por uma grande mobilização social”, acrescentou.
A “mobilização social” a que o reitor se refere seria uma manifestação pública da UFPR a respeito da PEC 55 e da MP 746. Para isso, a universidade realizaria dois seminários sobre os respectivos temas e analisaria de forma profunda os eventuais impactos que ambas as medidas causariam na educação. O resultado desta avaliação seria levado ao Conselho da Universidade, que poderia votar uma moção, com o posicionamento oficial da UFPR sobre as propostas.
“Somos uma grande universidade e temos muito a contribuir para adensar essa discussão”, pontuou Akel Sobrinho. Mencionando dois estudos feitos por universidades federais – de Goiás e de Minas Gerais – o reitor da UFPR avaliou que a PEC 55 “causaria um impacto muito forte, a longo prazo, no financiamento da educação”. “A educação e a saúde são pautas inegociáveis”, apontou.
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