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Autorização

Bazar estava sem alvará

O bazar que explodiu não tinha autorização da prefeitura da cidade para funcionar. O pedido de alvará feito em maio pelo proprietário da loja foi indeferido há 11 dias pela falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), um dos pré-requisitos para a concessão da licença. O delegado seccional de Santo André, Luís Carlos dos Santos, diz que o comerciante Sandro Luiz Castellani obteve o AVCB em julho passado, mas esqueceu de entregá-lo à prefeitura. "Por isso a licença dele não foi renovada. Foi um problema burocrático", afirmou.

Em 18 de fevereiro, segundo o seccional, o setor responsável pela fiscalização de produtos controlados da Polícia Civil também renovou a autorização de funcionamento da loja de fogos. A licença da Polícia Civil tinha validade até 31 de dezembro deste ano. A loja, que operava em uma área de 100,7 metros quadrados, tinha permissão para a venda de fogos de artifício, mas não para a fabricação.

PR teve caso em 1990

A explosão na fábrica clandestina de fogos de artifício em Santo André chama a atenção para os perigos de venda, estocagem e manuseio de fogos de artifício e para a importância da regularização e da fiscalização constante de estabelecimentos que trabalham nesse ramo.

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São Paulo - Duas pessoas morreram e 12 sofreram ferimentos leves, depois de uma explosão em uma loja de fogos de artifício que destruiu ontem um quarteirão em Santo André, no ABC paulista. A explosão aconteceu na Vila Pires, às 12h32, e provocou um tremor que pôde ser sentido a 1,5 km de distância. Até o início da noite de ontem, havia sido confirmada somente a morte de Ana Maria Martins, que trabalhava como doméstica na casa nos fundos da loja. A outra vítima – um homem – ainda não havia sido identificada. Os bombeiros não encontraram mais nenhuma vítima até o início da noite.

A prefeitura de Santo André chegou a anunciar 11 mortos no início da tarde, mas depois corrigiu a informação. O incidente teve início com explosões menores na Pipas e Cia., seguida de uma maior que arremessou carros e atingiu grande parte das casas da Rua Américo Guazelli. Quatro residências foram totalmente destruídas e outras 30 apresentaram vidros quebrados, portas arrancadas e rachaduras. A Defesa Civil interditou essas casas e bloqueou o acesso à rua, que ficou coberta de lama depois da chuva que caiu durante a tarde.

"Escutei um estrondo e saí. Depois veio um maior, que me arremessou", diz a assistente de recursos humanos Mabel Car­valho, de 36 anos. Nesse momento havia fogo na rua e algumas casas haviam desabado. Mabel retornou com bombeiros para retirar seu filho de 20 anos e o irmão Alexandre, de 32, que tem deficiência mental – e costumava passar a tarde "sentadinho na porta da loja". "Parte do meu sobrado tinha desabado e eles não conseguiam sair." Moradores relatam que uma grande nuvem negra cobriu o céu e havia alguns focos de incêndio na rua após as explosões. Os bombeiros chegaram cerca de 10 minutos depois e logo controlaram o fogo.

O proprietário atual da loja, Sandro Luiz Castellani, teria permissão apenas para funcionar como um bazar. "Mas todos sabiam que ele vendia essas coisas (fogos)", diz a fisioterapeuta Ana Lúcia Boiani, de 37 anos, vizinha da loja. Ela diz que os vizinhos brigaram diversas vezes com ele, com receio de que uma tragédia pudesse acontecer. As queixas teriam começado no início da década.

De acordo com o delegado Luis Carlos dos Santos, titular da Seccional de Santo André, foram recolhidos indícios de que os responsáveis pelo lugar estavam manipulando explosivos clandestinamente. "Localizamos muitas varetas usadas na montagem de busca-pés", afirmou. A fabricação ou manipulação de fogos de artifício é proibida em área urbana.

Outro indício é o estrago causado na área. "O alvará (de venda) concede à loja o direito de manter somente uma quantidade pequena de fogos no local", afirma o delegado. A polícia encontrou, em apenas um dos quartos da loja, 300 quilos de foguetes e bombas. Para comparar, uma bomba aérea, usada em guerras, varia entre 100 e 400 quilos. A polícia abriu inquérito para apurar as responsabilidades.

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