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Sobraram apenas as vigas em pé na maior revenda de fogos de artifício de Ponta Grossa, que foi pelos ares na madrugada de ontem. Uma grande explosão, seguida de estrondos menores que duraram cerca de 30 minutos, acordou os vizinhos da loja, que fica no Centro da cidade. Houve princípio de incêndio em uma residência e em um barracão que armazena medicamentos. A carga de 400 quilos de materiais explosivos espalhou destroços num raio de 200 metros. Estilhaços quebraram a parede de vidro de um hipermercado e destruíram uma oficina mecânica, onde estavam seis veículos que ficaram retorcidos. Pessoas que moram a mais de dois quilômetros disseram ter ouvido o barulho e visto a coluna de fogo. Ninguém se feriu.

As chamadas no plantão do Corpo de Bombeiros, que fica a quatro quadras do local, começaram por volta de 3h15. Seis viaturas e 25 homens trabalharam para conter o fogo e fazer o rescaldo. "Parecia um cenário de guerra", afirma o 1.º tenente José Adriano Prado Spak. O incêndio criminoso, segundo a polícia, poderia ter resultado na morte de várias pessoas. "Alguém que estivesse num raio de 50 metros teria morrido", acredita Spak. O Instituto de Criminalística concluiu que o incêndio não foi provocado por curto circuito. Destroços serão analisados por um laboratório em Curitiba, que irá avaliar se foram usados produtos inflamáveis, como gasolina e álcool.

O trânsito foi parcialmente impedido nas ruas do entorno. A queda de cabos deixou vizinhos sem energia elétrica e telefone. Na casa do empresário Francisco Reghin, três janelas despencaram e várias rachaduras apareceram. A porta de aço da revenda foi parar no quintal. "O susto foi grande", resume. A loja era a única autorizada pelo Exército e uma das quatro na cidade que tinha sistema de prevenção de incêndios vistoriado pelo Corpo de Bombeiros. O proprietário avalia que os estragos só não foram maiores porque a estrutura de 91 metros quadrados era toda de concreto armado. A revenda funcionava há cinco anos no local, a menos de 100 metros de uma escola.

O delegado Homero Vieira Neto ouviu seis testemunhas e espera mais informações para convocar o principal suspeito, um homem que teria ameaçado o proprietário da loja. "Parece que foi briga de concorrência", conta o delegado. O suspeito foi fiscalizado há exatamente um ano e perdeu o estoque de fogos, que estava irregular. Ele teria telefonado para o concorrente para avisar que a loja estava em chamas. O dono da loja incendiada acredita que está sofrendo retaliações por cobrar vistorias em casas de fogos.

Duas empresas de vigilância fazem a segurança no local, mas o incêndio teria sido provocado no intervalo entre uma ronda e outra. Havia sistema de monitoramento de imagens por câmeras, que ficou destruído. O filho do proprietário teria se proposto a dormir na loja para cuidar do estoque, mas foi desencorajado pelo pai, que alegou que havia segurança suficiente. As seguradoras não aceitam fazer apólices de revendas de fogos de artifício e o proprietário terá de arcar com todas as despesas. O prejuízo, só na loja, está estimado em R$ 500 mil. A previsão era de comercializar R$ 150 mil em fogos neste fim de ano.

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