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Chaim Jober, 58 anos, proprietário da Moda Mariam e vice-presidente da Associação dos Comerciantes e Moradores da Rua Riachuelo | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Chaim Jober, 58 anos, proprietário da Moda Mariam e vice-presidente da Associação dos Comerciantes e Moradores da Rua Riachuelo| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Lojas desertas

Pedestres circulavam pela Rua Riachuelo perto do meio-dia em busca de opções de restaurante, o único tipo de comércio que parece não ter sido abalado com a paralisação. Fora isso, as lojas de roupas, móveis e eletrodomésticos da rua que não fecharam as portas ontem estavam vazias. "Parece feriado", comentou Chaim Jober (foto acima), 58 anos, proprietário da Moda Mariam e vice-presidente da Associação dos Comerciantes e Moradores da Rua Riachuelo. Ele, que toca o comércio com sua esposa, teve de trabalhar sem os dois funcionários da loja, residentes em Almirante Tamandaré, que não puderam vir a Curitiba.

Portas fechadas, funcionários au­­sentes, vendas reduzidas. O dia atí­­pico causado pela greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Curi­­tiba afetou a economia da cidade.

Além do problema com funcionários que não conseguiram chegar ao trabalho, o número de pe­­des­­tres (e clientes) diminuiu e derrubou as vendas, principalmente em comércios populares e serviços no centro da cidade e nas regiões próximas a terminais.

De acordo com Antonio Miguel Es­­polador Neto, vice-presidente da Associação Comercial do Paraná, ainda é impossível mensurar os pre­­juízos. Ele estima, entretanto, que cerca de 50% dos funcionários do comércio e de serviços não conseguiram chegar ao trabalho ontem.

Spoladore Neto avalia que o comércio não atingiu 10% das vendas realizadas em dias normais. "A associação está preocupada com as negociações, pois se a greve perdurar o prejuízo pode ser irrecuperável para algumas empresas", disse ontem à tarde.

Ele criticou ainda o horário em que o sindicato dos grevistas votou pela paralisação, impedindo o planejamento das empresas, que poderiam ter optado por não abrir as portas ou planejado melhor o deslocamento de funcionários, com caronas solidárias ou transporte alternativo.

Para os lojistas, porém, o maior problema foi o "sumiço" dos clientes. Nas ruas que dependem de pedestres para ganhar vida, a greve fez a terça-feira parecer feriado. Pela manhã, vias como a Rua XV de Novembro e a Riachuelo tinham metade das lojas fechadas e quase ninguém circulando nas calçadas.

"Transtorno total", resumiu Leonilda Montagnini, gerente de vendas de uma loja de calçados na região da Praça Carlos Gomes. Ela explicou que sete das nove vendedoras faltaram. A solução foi fechar as portas da filial, na Rua João Negrão, e concentrar a equipe na sede. A gerente teve de se dividir entre as vendas e o caixa. "Mas cadê os clientes?", indagava.

Já na Riachuelo, as lojas de roupas, móveis e eletrodomésticos da rua que não fecharam as portas ontem ficaram vazias. "Se a gente não vende nada hoje, o dinheiro falta para amanhã", lamentou o comerciante Halim Drgham.

Lucro

Mas houve quem comemorasse as oportunidades nascidas das circunstâncias. Mesmo sem autorização da prefeitura, foi possível perceber o transporte de pessoas em vans escolares em vários pontos da cidade. Estacionamentos no centro da cidade também funcionaram em sua capacidade máxima.

Quem mais lucrou, no entanto, foi a frota de táxis da cidade. "Fiz cinco viagens até a região metropolitana", comemorava, ainda no meio da tarde, um motorista que não quis se identificar. Ele garante que cobrou o preço normal da ta­­bela, mas admite que muitos colegas subiram o preço em razão da greve.

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