Bairros do centro ficam de fora do rodízio

"Por que o centro não falta água?", pergunta a comerciante Lucirene Júlio, moradora do Jardim Olímpico, zona oeste. Segundo o gerente industrial da Sanepar, Roberto Arai, a região central não entra no rodízio de racionamento por causa da grande quantidade de hospitais, clínicas, hotéis, escolas. Lucirene continuou sem resposta. "Mas esses lugares têm caixa d´água, têm suporte, não vão ficar sem água mesmo com o corte. Agora esse povo aqui, tudo pobre, ou não têm caixa d´água ou têm pequena, de 50 litros, que dá pra nada. É sempre o pobre que sofre mais."A cunhada de Lucirene, Simone Júlio é dona de uma pequena padaria no Jardim Olímpico e conta que a falta de água dificulta muito a vida. "É muito sofrido, tem criança em casa, esse calor, Mal dá pra cozinhar, fazer a higiene e aqui na padaria a gente precisa muito de água, até pra assar o pão. Não conseguimos fazer nada." Geraldo Santos, 63 anos, desempregado, morador do Jardim Columbia, zona oeste, estava no segundo dia de falta de água em seis dias. "É muito difícil. Tem um restinho de água na caixa d´água que a gente usa pra cozinhar. Mas o resto não dá pra fazer nada. E fica assim até onze horas da noite." O racionamento ainda não tem previsão de acabar. Hoje outros bairros ficarão sem água (veja ao lado) e uma avaliação diária dos reservatórios.

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O atraso na duplicação do sistema de captação de água do Rio Tibagi está deixando em média 15 mil famílias em 80 bairros de Londrina sem água diariamente. O rodízio atual foi adotado há seis dias pela Sanepar, mas desde o ano passado, o racionamento eventual passou a fazer parte da rotina do londrinense, especialmente no verão. De acordo com o gerente industrial da companhia de abastecimento, Roberto Arai, para evitar os racionamentos a obra de duplicação do sistema de captação deveria ter ficado pronta no ano passado. Para isso, teria que ter sido iniciada em 2009. Mas os recursos financeiros federais, no valor de R$ 83 milhões, foram liberados no ano passado e a obra só será entregue em 2014. Com isso, a população vai continuar sofrendo com racionamentos também em 2013. Arai admite que Londrina nunca vivenciou uma situação como a atual – de cortes de água devido à capacidade de produção. "Não me lembro de racionamentos como estes antes de 2011", afirma.

Segundo Arai, a primeira fase do sistema de captação do Rio Tibagi foi concluída em 1991 com capacidade para atender o crescimento populacional previsto até 2011. Hoje, são produzidos 175 milhões de litros por dia, o que não é suficiente para atender a população em dias de verão quando aumenta o consumo. Arai afirma que nos dias normais os reservatórios de água ficam praticamente zerados. Nos dias muito quentes a demanda ultrapassa a produção em 30% em média, exigindo o racionamento.

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A média de consumo diário por pessoa em dias normais, de acordo com gerente industrial da Sanepar, é de 110 litros. "Em dias muito quentes ultrapassa 150 litros, podendo até dobrar." Com a duplicação do sistema de captação do Tibagi, passarão a ser produzidos 3.300 litros/por segundo. Hoje, são 2.100 litros por segundo. Essa produção, de acordo com Arai, será suficiente para atender o crescimento populacional nos próximos 10 anos. Os projetos para nova ampliação do sistema de captação a partir desse período já estão sendo elaborados, segundo Arai.

Investimentos

De acordo com a Agência Nacional de Água (ANA) alguns municípios brasileiros, entre eles Londrina terão que fazer investimentos no abastecimento de água até 2015, para evitar graves problemas com falta de água. De acordo com a assessoria de imprensa da agência, as propostas de solução para Londrina são a duplicação do sistema de captação do Tibagi e ampliação do sistema de abastecimento existente com a perfuração de poços do sistema do Aquífero Guarani e outros.

A segunda solução proposta já foi cumprida e, segundo Arai, foram perfurados quatro poços, sendo dois do Aquífero Guarani. Além disso, foram ampliados e criados novos reservatórios de água para aumentar a capacidade de armazenamento. "Sem isso a situação hoje estaria bem pior."

A captação do sistema do Aquífero Guarani começou em outubro do ano passado, com produção de 120 litros por segundo, mas desde a semana passada, devido à prática de vandalismo, está em funcionamento apenas um. Esta semana, o segundo poço deverá voltar a produzir.

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Bairros de Londrina que ficarão sem água nesta terça-feira

Zona leste Damasco, Vila Glória, Morumbi, Vila Ricardo, Santa Maria, Interlagos, Marabá, Laranjeiras, Santa Fé, Monte Cristo, Vila Operária, Guararapes, Monterrey, Golden Park Residence, Tarumã, Aragarça, Bela Itália, Tarumã, J. Veneza, Ernani Moura Lima, Conjunto Santos Dumont, Giovani Lunardelli, Armindo Guazzi, Residencial Abussafe, Califórnia, Jardim Eldorado, Nova Conquista, Jardim San Fernando, Vale Cambézinho, San Izidro, Monte Carlo, Vale Verde, Loris Sahyun, Arpoador, Parque São Jorge, Jardim Igapó, Jardim Adriana, Jardim Piza e adjacências.Vera Cruz, Pioneiros, Antares, Tatiani, Santa Clara, Fujiwara, Chamonix e Alexandre Urbanas.

Zona sul Lagoa Dourada, Nova Inglaterra, Monte Belo, Roseira, Neman Sahyun, Vale Azul, Tarobá, Atlanta, Residencial Café Cereja, Tito Carneiro Leal (Saltinho), União Da Vitória e Jardim Maravilha.