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Caixa Dois no PT

Londrina: Justiça nega informações a Soraya

O juiz da 41ª Zona Eleitoral, Jurandyr Reis Júnior, negou acesso ao inquérito da Polícia Federal sobre suposto caixa dois nas eleições municipais de 2004 à defesa da ex-assessora financeira do PT Soraya Garcia. O pedido foi feito para instruir a defesa em interpelação judicial feita pelo chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ambos citados pela ex-assessora em denúncias de irregularidades na campanha petista feitas à imprensa e à Polícia Federal de Londrina.

Na queixa-crime contra a ex-assessora petista, Carvalho alega que Soraya difamou-o ao afirmar, em entrevistas aos jornais de Londrina e à PF, ter "ouvido falar" que sempre que havia alguma dificuldade financeira na campanha, o então presidente do PT local, Jacks Dias, e o ex-tesoureiro Francisco Moreno, ligavam a Brasília para que ele "resolvesse os problemas".

O ministro Paulo Bernardo interpelou Soraya para que explique afirmações à revista "Isto É", feitas em setembro, quando declarou que o dinheiro da campanha de Nedson Micheleti chegava a Londrina "em sacolas e sempre coincidia com a presença do então deputado".

Para responder às questões, o advogado da ex-assessora, Mauro Aguilera, tentou obter cópia do inquérito do caixa dois da Polícia Federal. O juiz Jurandyr Reis Júnior negou a cópia do inquérito da PF sob a justificativa de que a papelada contém informações sigilosas. "Nos autos e em apenso, encontram-se anexados documentos que gozam de sigilo fiscal e bancário, sendo que somente as partes podem ter acesso. A requerente (Soraya) figura tão somente como testemunha e como tal não tem direito ao acesso de tais documentos, sendo que não especificou os que pretende fotocopiar, razão pela qual indefiro o pedido", anotou o juiz.

"Não conhecemos o que tem no inquérito, portanto, não temos como dizer onde estão as informações necessárias", afirma Aguilera. Diante da negativa, no documento de defesa à interpelação de Carvalho, o advogado pediu que o juiz da 3ª Vara Criminal, José Marcos de Moura, requeira ao cartório eleitoral o acesso de Soraya aos documentos e depoimentos das investigações produzidas. "Sem as informações, a defesa dela fica prejudicada", diz o advogado da ex-assessora.

Mauro Aguilera afirma que Soraya não tem nada a explicar sobre as denúncias porque apenas relatou à Polícia Federal aquilo que ouviu dizer sobre Gilberto Carvalho. "Não tem muito o quê explicar, ela relatou exatamente o que está nos depoimentos e nas entrevistas: ouviu falar. Quando ela diz que viu ou fez algo junto com alguém ela diz: o fulano fez".

Na queixa-crime, o advogado de Carvalho, Omar Baddauy, sustenta que Soraya o difamou ao dizer que o chefe de gabinete "resolvia problemas" da campanha de Nedson. "Ela ofende a integridade moral de Carvalho", porque "a afirmação não é verdadeira e traduz conduta moralmente reprovável e socialmente condenável". Para Baddauy, o fato de Soraya diz ter "ouvido falar" da participação de Carvalho na campanha apenas demonstra que ela tentou se eximir da responsabilidade diante da acusação.

Quanto à interpelação do ministro Paulo Bernardo, o advogado afirma que não há dubiedade na acusação de Soraya e que, portanto, nada há a ser explicado. "Só existe pedido de explicação quando há declarações dúbias, mas o que ela falou sobre o ministro está muito bem dito", alega. "Foi aquilo mesmo". À PF, Soraya contou que as entradas de dinheiro na campanha de Nedson coincidiam com a chegada de Bernardo a Londrina.

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