Curitiba venceria com inclusão de catadores
A metodologia da pesquisa pode explicar o resultado alcançado por Londrina, de acordo com a prefeitura de Curitiba. Segundo a coordenadora da Resíduos Sólidos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, Marilza Oliveira Dias, os números apresentados pela capital paranaense na pesquisa Ciclosoft referem-se apenas à coleta seletiva formal estima-se que os catadores de papel, em Curitiba, sejam responsáveis por cerca de 92% do total de lixo reciclável recolhido.
O volume de lixo reciclável recolhido em Curitiba aumentou 34%, entre 2006 e 2008, depois de um período contínuo de queda, entre 1999 e 2006, em que a coleta na capital paranaense caiu pela metade. A reação de Curitiba, entretanto, foi tímida diante do desempenho de Londrina, no Norte do estado. Lá, nos últimos dois anos, a coleta de lixo cresceu 2,3 vezes. Com isso, Londrina passou a ser a cidade que mais recolhe lixo reciclável no país.
Esse cenário é apontado no estudo Ciclosoft 2008, feito pela Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), uma associação sem fins lucrativos. Segundo o levantamento, enquanto Londrina, primeira colocada no ranking nacional, recolhe 3,5 mil toneladas de lixo reciclável por mês, Curitiba, na quarta posição, retira das ruas 1.530 toneladas, no mesmo período.
O segredo de Londrina, na opinião dos especialistas, é um trabalho efetivo com um grupo de profissionais que exerce papel fundamental no ciclo da reciclagem: os catadores. "Londrina fez um trabalho efetivo com catadores com o apoio do município", avalia o procurador de Justiça Saint-Clair Honorato Santos, coordenador do Centro de Apoio das Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Segundo o procurador, um trabalho efetivo com os catadores poderia ser uma saída também para o problema de destinação do lixo de Curitiba e região metropolitana e para amenizar as dificuldades decorrentes do fim da vida útil do Aterro do Caximba. "A lei de licitações prevê a possibilidade de uma associação direta com os catadores. Isso poderia abreviar o processo", opina Santos. Foi justamente a necessidade de dar um "socorro" ao aterro sanitário de Londrina que levou o município a investir nos catadores, lembra o coordenador da Coleta Seletiva da prefeitura de Londrina, Devair Batista de Almeida.
Em 1996, a cidade implantou um sistema de coleta seletiva e, em 2000, resolveu inserir os catadores no programa. Os chamados "recicladores", então, passaram a ser responsáveis pela coleta seletiva porta-a-porta e pelo transporte do material até as chamadas "bandeiras" (pontos estratégicos definidos por áreas). Das bandeiras até os barracões de reciclagem das associações de catadores, o transporte passou a ser feito por um caminhão contratado pela prefeitura do município.
A simplicidade do sistema, calcado principalmente na figura do "reciclador", passou a servir de exemplo para outras cidades do país. "Os recicladores são grandes parceiros, tanto na questão econômica, como ambiental e social. Eles têm o papel deles reconhecido e buscamos melhorar ainda mais isso", diz Almeida.
A pesquisa Ciclosoft só passou a incluir Londrina de forma detalhada no estudo em 2006, quando a cidade registrou 1.080 toneladas de material reciclável recolhido por mês. No levantamento de 2008, a cidade, então, apresentou um crescimento de 228% na coleta seletiva. Segundo Almeida, o investimento em educação ambiental nas escolas, empresas e condomínio e a ampliação no monitoramento para detectar falhas no sistema de coleta fizeram a diferença neste período. "Percebemos uma mudança de hábito nos londrinenses. Eles abraçaram a causa", afirma Almeida.
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