Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
SERVIÇO PÚBLICO

Londrina vive crise na coleta de recicláveis

Parte da cidade tem o lixo reciclável coletado uma vez por mês | Gilberto Abelha/Gazeta do Povo
Parte da cidade tem o lixo reciclável coletado uma vez por mês (Foto: Gilberto Abelha/Gazeta do Povo)

A cidade que já foi premiada por sua eficiência na coleta seletiva hoje tem material reciclável amontoado nas ruas. Com o serviço desestruturado, Londrina vive uma situação crítica. Algu­mas regiões da cidade têm os recicláveis coletados menos de uma vez por mês. Desde que a prefeitura rompeu, em maio, o contrato com a Visatec, empresa responsável pelo transporte do lixo até os barracões, as cooperativas enfrentam dificuldades para continuar o trabalho.Segundo a Companhia Mu­­nicipal de Trânsito e Urba­ni­zação (CMTU), parte do recolhimento dos sacos de lixo reciclável, os chamados "sacos verdes", deve ser feito pela cooperativa Coopersil, que tem contrato assinado desde março de 2010 – no valor de mais de R$ 61 mil. A cooperativa cobre metade da área da cidade (cerca de 95 mil domicílios), fazendo o transporte do material até os galpões de reciclagem. "A parte da cidade que é de nossa responsabilidade está sendo atendida. Até porque, se atrasarmos a coleta, somos multados pela prefeitura", diz a diretora financeira da cooperativa, Verônica Costa.

Contratação

A outra metade vai ficar a cargo de outra cooperativa de recicladores, a Cepeve, cujo processo de contratação está sendo finalizado, segundo a CMTU. "A prefeitura alugou um barracão que nós, como cooperativa, não conseguimos alvará. Sem alvará, não tem contrato", conta a presidente da cooperativa, Sandra Araújo.

Hoje, a Cepeve consegue atender apenas 20 mil, dos 95 mil domicílios que não são cobertos pelo contrato da prefeitura. Destes, 10 mil domicílios são atendidos menos de uma vez por mês, e boa parte dos outros 10 mil, a cada 15 dias.

Para Sandra Araújo, falta apoio do poder público com relação à infraestrutura, que piorou. "Antes, tínhamos cinco caminhões trabalhando na coleta em dois turnos, hoje a prefeitura oferece só dois caminhões, e em um único turno", afirma. A reportagem procurou a CMTU, mas não obteve contato.

Competência

A legislação acerca de resíduos domésticos preconiza que o serviço de coleta é de competência do poder público. "A prefeitura tem que dar apoio. A coleta deve ser vista como redução de custos com aterros. É benefício para todos", argumenta a coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Unopar, Cláudia Ciappina Feijó.

Londrina, segundo ela, está passando por um momento de transição. Em 2002, a cidade retirou os catadores do lixão para constituir organizações não governamentais. Em 2007 e 2008, a população começou a se engajar na iniciativa. "Agora, a cidade não suporta mais o sistema atual. Houve uma mudança cultural, a população está cobrando, mas a gestão está falha", avalia Claúdia Feijó.

Apontada em 2008 como a campeã nacional da reciclagem, em 2010 Londrina apareceu no quarto lugar do ranking nacional da coleta seletiva. Os dados são da Pesquisa Ciclosoft 2010, publicado a cada dois anos pelo Com­promisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), instituição independente que monitora a gestão de resíduos no país. Os dados mostram que Londrina coletava, em 2010, 1.760 toneladas mensais de recicláveis – perto de 60 toneladas ao dia.

* * * * *

Interatividade

De quem é a culpa pelo caos no sistema de coleta de Londrina?

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.