O nome do ex-deputado José Janene voltou a aparecer nas investigações da Operação Lava Jato, deflagrada em março do ano passado – e, com ele, o de antigos conhecidos do parlamentar. Como deputado, Janene teria sido o responsável por recolher a propina dos contratos da Petrobras e distribuir entre políticos do seu partido. Depois da sua morte, a função teria sido repassada ao doleiro Alberto Youssef.
Um dos principais delatores do esquema, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (que fez carreira no Paraná) teria sido indicado pelo então deputado para o cargo na estatal, em 2004. “E não foi só essa indicação. Ele [Janene] tinha gente em várias empresas públicas”, diz um ex-funcionário do deputado.
Além disso, em julho o Ministério Público Federal (MPF) acusou o doleiro Youssef – que é citado na maior parte dos processos da Lava Jato – e outras dez pessoas ligadas a Janene por atuarem na lavagem de pelo menos R$ 1,1 milhão que o deputado recebeu do mensalão.
Segundo investigações, com a verba ilegal, Janene realizou investimentos na empresa londrinense Dunel Indústria. A partir de então, Youssef e o também doleiro Carlos Habib Chater teriam utilizado empresas de fachada para justificar o investimento. Assim, os réus, que incluem familiares e pessoas de confiança de Janene, teriam convertido o dinheiro em bens lícitos como quatro grandes fazendas e outros imóveis. Também construiu uma residência de alto padrão em um condomínio de Londrina e comprou vários veículos de luxo.
Outro nome bastante conhecido em Londrina que aparece na Lava Jato é o do ex-deputado André Vargas (sem partido). Ele teve o mandato cassado depois de confessar que usou um jatinho fretado por Youssef para uma viagem. Vargas também teria atuado em conjunto com o doleiro para a assinatura de um contrato entre o laboratório Labogen e o Ministério da Saúde. Na cidade, circulam ainda histórias de que Vargas preencheu o vácuo político deixado depois da morte de Janene. O ex-petista, que perdeu o direito ao foro privilegiado, é alvo de um inquérito, mas ainda não foi denunciado na Lava Jato.
A ex-ministra Chefe da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT), casada com o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que é de Londrina, também teve seu nome vinculado ao caso. Conforme os jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, Youssef disse em sua delação premiada que repassou, por intermediação de Bernardo, R$ 1 milhão a um empresário de Curitiba, valor que foi entregue à campanha de 2010 da ex-ministra. Costa também teria dito que recebeu pedido “para ajudar na campanha”. O casal nega envolvimento no esquema.
Há pelo menos outro londrinense envolvido na Lava Jato. Em depoimento prestado à Polícia Federal, Leonardo Meirelles, laranja de Youssef, disse que o doleiro tinha contato com um tucano descrito como “padrinho político do passado” e “conterrâneo” do doleiro. Meirelles não revelou o nome .
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