O seu filho não está mais no Facebook e um dos motivos é que ele quer fugir de você. A informação é de uma pesquisa divulgada pela consultoria iStrategy. Ela mostra que, em três anos, quase 7 milhões de jovens americanos entre 13 e 24 anos deixaram a rede para não serem vigiados pelos pais.
No Brasil, embora o número de usuários jovens não tenha caído, especialistas observam o mesmo padrão de comportamento: o tempo no Face está reduzido e outras redes sociais ganham espaço, principalmente Twitter, Instagram,Tumblr, Snapchat e os sites de comunicação instantânea, como o Whatsapp.
A preferência por elas está na privacidade, pois são redes que permitem formar grupos e restringir as publicações de forma menos trabalhosa que no Facebook. "O jovem não gosta de ter de se preocupar com isso, de cuidar do que publica porque a família vai ver. O que ele quer é dividir suas coisas com seu grupo de amigos, não se expor para ser julgado por alguém mais velho", diz Bia Granja, cofundadora do youPix, site especializado em fenômenos da web.
Sem contar que hoje o perfil de rede que cai no gosto da garotada está ligado diretamente à diversão. Por isso o Instagram e o Snapchat, que permitem compartilhar fotos de forma descontraída, angariam cada vez mais usuários. No caso do Snapchat, ele não só registra imagens, principalmente as selfies, como as deleta em poucos segundos, sem deixar rastros.
"O Facebook serve mais para manter contato com parentes e amigos distantes, escrever textos maiores. Por isso agrada mais a um adulto", comenta Breno Soutto, coordenador de inteligência da E.Life, multinacional que pesquisa tendências de consumo baseadas nas redes sociais.
Essa empresa divulgou no segundo semestre de 2013 uma pesquisa que mostra que a idade média dos usuários do Instagram, por exemplo, é de 24 anos. Apenas 2,8% têm mais de 40 anos, ao contrário do Facebook, que tem uma média de idade de 30 anos e concentra 23,8% de usuários acima dos 40.
Longe deles
Se a intenção do jovem é fugir da fiscalização on-line, é natural fazer o caminho inverso cada vez que os pais ingressam em uma nova rede. A jovem Amália dos Santos Ramos,13 anos, sabe muito bem como isso funciona. Há cerca de um ano, passar duas, três horas diárias no Facebook era rotina. Depois que a mãe entrou, o site ficou de lado. "Uma vez um menino escreveu na minha timeline e ela viu. Veio me perguntar se era meu namorado. É chato isso. Por isso me afastei, fico mais de um mês sem entrar", conta a garota. Agora Amália, e a maioria das amigas da mesma idade, não sai do Instagram e Whatsapp.
Sem medo
Perder o poder de fiscalização on-line sobre o filho pode ser preocupante para os pais, mas para os analistas de web não há muito o que temer. Isso porque a lógica das redes "queridinhas" dos jovens é que eles falem com grupos de amigos que se conhecem, não com pessoas diferentes. "Geralmente eles conversam com pessoas com quem eles têm contato fisicamente. Então a chance de pedofilia e outros perigos é menor. Por isso não acho que seja o caso de um controle on-line dessas redes", diz Bia Granja, cofundadora do youPix.
No mobile
Além de diversão, os jovens querem redes sociais fáceis de usar pelo celular. Segundo a E.Life, 70,5% deles acessam por smartphones. Já para os mais velhos (mais de 40 anos) a preferência é o acesso pelo computador,72,5%.