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Mega-Sena e greve dos bancários têm deixado as lotéricas lotadas, em Curitiba: risco maior de assaltos | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Mega-Sena e greve dos bancários têm deixado as lotéricas lotadas, em Curitiba: risco maior de assaltos| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Movimentação

Dinheiro em caixa chama atenção

Desde o início da greve dos bancários, a Polícia Militar (PM) reforçou o policiamento nas agências lotéricas de Curitiba e região metropolitana. Segundo o coronel Marcos Scheremeta, chefe da Polícia Militar na capital paranaense, o policiamento, normalmente realizado nos dez primeiros dias do mês em frente dos bancos, teve de ser redirecionado para as lotéricas. "Com as lotéricas funcionando como pequenas agências bancárias, nós alteramos a rotina de trabalho", explica.

De acordo com o coronel Scheremeta, o que desperta a atenção da criminalidade neste período atípico são as facilidades e o grande volume de dinheiro. "Para entrar em um banco, você precisa passar por um detector de metal, não pode usar o celular, tem segurança privada. Na lotérica, basta sair da calçada. É muito mais fácil", diz.

A circulação do dinheiro, principalmente agora, também é muito maior: as lotéricas têm apostas, recebem pagamentos e depósitos. O horário de funcionamento também é maior do que o dos bancos e isto desperta a atenção dos marginais. "Mas a polícia está atenta e trabalhando", afirma.

Scheremeta diz que, apesar do policiamento reforçado, a polícia não pode privilegiar apenas um segmento. "Temos que cuidar das farmácias, dos postos de combustível, das bancas de jornais, dos mercados e panificadoras. A nossa maior preocupação é com a segurança de toda a sociedade. Mas é claro que, levando em consideração a situação atípica, a PM aplica um policiamento especial", diz.

A Polícia Militar orienta para que as pessoas não circulem com grandes quantias de dinheiro para pagar as contas, evitem sacar grandes quantias e, principalmente, usem a internet para quitar débitos e os caixas eletrônicos para o saque. (GA)

Com mais de 510 agências bancárias fechadas em todo o Paraná e em uma semana em que a Mega-Sena acumulada atraiu ainda mais apostadores, o movimento nas casas lotéricas tem sido acima da média a ponto de despertar ainda mais a atenção dos criminosos. Há dez dias, desde que a greve dos bancários começou, foram assaltadas pelo menos cinco lotéricas – três em Curitiba e duas na região metropolitana, em São José dos Pinhais. Durante a ação dos assaltantes, um policial federal foi morto. Segundo a Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), os assaltos foram cometidos pela mesma quadrilha.Como as lotéricas estão operando igual a pequenas agências bancárias, o policiamento acabou se voltando a elas durante as duas últimas semanas (veja mais ao lado). O superintendente da DFR, Hélcio Piasseta, confirma que os assaltos em lotéricas estão em alta por causa da greve dos bancários, apesar de não haver estatísticas sobre o assunto. "As lotéricas estão atuando como verdadeiras instituições financeiras, mas não têm o aparato de segurança necessário. Então, se tornam vítimas fáceis de quadrilhas", afirma.

O assalto que ganhou maior repercussão ocorreu na noite de segunda-feira, no centro de Curitiba, justamente ao lado de uma delegacia da Polícia Federal (PF). A lotérica está situada na Rua Doutor Muricy e foi invadida por três homens armados. O agente da Polícia Federal Edson Martins Matsu­naga, 45 anos, saía da unidade da corporação quando percebeu a ação dos bandidos. Matsu­naga tentou impedir o assalto, mas foi baleado e morreu a caminho do hospital.

No mesmo dia, uma casa lotérica situada na Rua Comendador Araújo, no Batel, também foi roubada. "Há suspeitas de que a quadrilha tenha assaltado primeiro a do Batel e depois ido direto à lotérica do Centro, onde o policial federal foi morto", afirma Pias­setta. O mesmo estabelecimento já havia sido roubado na semana anterior.

Em São José dos Pinhais, uma das lotéricas assaltadas está no Centro e outra no bairro São Marcos. A Guarda Municipal atua em conjunto com a DFR para prender a quadrilha.

Um dos acusados de participação no roubo, Douglas Cândido Rodrigues, de 23 anos, foi detido pela PF no dia do crime. O rapaz é foragido da Colônia Penal Agrí­cola e tem passagens por roubo e porte ilegal de arma. Outros dois acusados conseguiram fugir. A polícia investiga ainda a participação de uma mulher loira, que daria cobertura à quadrilha em um automóvel Palio.

Esquema

As imagens do circuito de segurança das lotéricas assaltadas mostram que os bandidos agem da mesma maneira. São dois homens aparentemente jovens que se passam por clientes, até que um anuncia o assalto. Um dos bandidos fica na porta, com arma apontada aos clientes, enquanto o outro, também armado, arromba a porta que dá acesso aos caixas e efetua o roubo.

De acordo com a DFR, há ainda outros dois homens que ficam do lado de fora, dando cobertura e esperando os comparsas para a fuga.

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