Ponta Grossa - O corpo do menino Luiz Henrique Alves foi enterrado ontem em União da Vitória, no Sul do estado, sob protesto de familiares. Vítima de agressão, o garoto, de dois anos e quatro meses de idade, morreu na manhã de quinta-feira em Bituruna, no Sul do Paraná. A mãe, Daniele Pecemi, 21 anos, e o padrasto, Celso Gonçalves de Jesus, 20 anos, foram presos em flagrante acusados de serem os responsáveis pelo espancamento.
Por volta das 11 horas da última quinta-feira, Daniele levou Luiz Henrique ao Pronto Socorro do hospital São Vicente de Paula, em Bituruna. Uma técnica em enfermagem percebeu que o menino estava inconsciente. O médico plantonista Lucas Rusczyk, que atendeu caso, resolveu acionar a polícia, depois que constatou ferimentos no corpo do menino, já sem sinais vitais e frio.
A necropsia do Instituto Médico Legal (IML) de União da Vitória revelou que Luiz morreu por traumatismo craniano. O médico legista Carlos Eduardo Moura confirmou que o menino tinha ferimentos graves na cabeça, provavelmente provocados por socos. O exame mostrou também que o menino tinha marcas antigas de agressão.
Reincidentes
No último dia 23 de fevereiro, o médico Rusczyk já havia atendido o garoto e constatado sinais de violência no corpo da criança. Na ocasião, Rusczyk avisou o Conselho Tutelar, que encaminhou o caso à delegacia. A polícia foi até a residência do casal, na localidade rural de Jacutinga. A mãe disse à polícia que o menino havia caído da cama, desmaiado e batido a cabeça numa pedra. Ela foi levada à prisão de Porto Vitória, enquanto o padrasto ficou numa cela comum na delegacia de União da Vitória. Em depoimento à polícia, Celso Jesus negou a agressão e colocou a culpa na parceira.
Daniele tem mais uma filha do primeiro casamento, que está com cinco anos. O avô paterno, Luiz Carlos Alves, ficou com a guarda provisória da menina. Revoltado, ele disse que a ex-nora tem que "apodrecer na cadeia" e que já havia tentando ficar com as crianças, mas a mãe havia fugido.
Estatística
Segundo a rede "Não Bata, Eduque", formada por organizações não governamentais, 80% das famílias adotam o castigo corporal. A integrante da rede, Eleonora Ramos, comenta que a maioria dos casos mais graves são contra crianças menores de cinco anos. "Quando a criança é mais velha, ela grita ou joga algum objeto, mas a menor é frágil", comenta. O país não tem lei específica para punir pais que batem nos filhos, mas a rede luta por um projeto de lei, via Executivo, que altere a legislação.
Denúncias
O telefone 100 recebeu em 2009 o total de 29,7 mil ligações que reportavam violência contra a criança e o adolescente. Dessas, 12,7 mil se referiam à violência física e 103 a morte. No Paraná, no mesmo ano, foram feitas 416 denúncias de violência física na infância. O estado ocupou o 22º lugar no ranking de denúncias, com 49,07 ligações para cada grupo de 100 mil habitantes. No topo da lista está o Distrito Federal, que tem 117,39 queixas por 100 mil habitantes.
Serviço:
Denúncias anônimas de violência contra crianças podem ser feitas pelo telefone 100, das 8 às 22 horas, inclusive aos domingos e feriados. A denúncia é encaminhada ao órgão competente em até 24 horas.