Belém Em viagem de campanha pela reeleição no Nordeste durante o fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi portador de críticas a políticos de oposição e passou por situações, no mínimo, curiosas. Em comício ontem de manhã na capital paraense, Lula dividiu palanque com políticos polêmicos do estado que enfrentam problemas na Justiça ou foram denunciados por envolvimento em escândalos de desvio de recursos públicos, caso do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado de ter desviado recursos da Sudam, e do ex-deputado petista Paulo Rocha, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão. Eles foram homenageados por Lula.
Antes disso, o presidente-candidato teve encontro com prefeitos da região e passou por um momento constrangedor. Lula discursava para pouco mais de 40 prefeitos de municípios paraenses, destacando a importância dos líderes locais para a eficiência da administração federal. O prefeito Delvani Balbino (PMDB), de Floresta do Araguaia, levantou-se para, quase aos prantos e de chapéu, homenagear o presidente: "Pra mim é uma honra tão grande estar na frente do presidente. Como eu não sei quando eu vou ver um presidente de novo na minha vida, eu vou fazer um pedido pro senhor de joelhos", disse Balbino, ajoelhando-se em seguida aos pés de Lula. Constrangido, o presidente tentou se levantar: "Não faça isso, pelo amor de Deus", exclamou Lula, imobilizado pelo prefeito, que abraçava suas pernas.
"Hamster" e "nanico"
Em dois comícios na Bahia realizados sábado, o presidente fez os mais duros ataques ao senador Antônio Carlos Magalhães (PFL) e ao neto, deputado federal ACM Neto, também do PFL. Em Feira de Santana, Lula chamou o senador de "hamster do Nordeste" e o neto de "pequenininho". À noite, em Salvador, Lula subiu mais o tom. Sempre sem mencionar nomes, ele voltou a chamar o senador de "hamster" e o neto de "nanico" e disse que uma parte da elite brasileira é perversa, não aceita o jogo democrático e, "na Bahia, tem o maior exemplo da perversidade da elite política brasileira".
Empenhado em levar a candidatura de Jaques Wagner (PT) ao segundo turno contra o candidato de ACM e atual governador, Paulo Souto (PFL), o presidente disse que a eleição do petista significaria derrubar "o último bastião da direita deste país, da direita velhaca e apodrecida". Na disputa pelo governo da Bahia, Jaques Wagner tem 26% das intenções de voto na pesquisa Ibope, enquanto Paulo Souto está com 50% e tem chance de vitória já no primeiro turno.
Além de atacar os opositores, o presidente fez promessas, entre as quais, a "primeira e sagrada" é transformar o Nordeste numa região desenvolvida. Também não economizou afagos ao povo da Bahia: "Em algum momento, em alguma encarnação, fui baiano".