Brasília O ministro da Cultura, Gilberto Gil, recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um convite para permanecer no cargo no segundo mandato. Depois de um encontro de quase duas horas no Palácio da Alvorada na tarde de ontem, Gil admitiu o convite do presidente, mas saiu ainda indeciso, dizendo que não há nada definido e que os dois voltarão a conversar sobre o assunto.
Assessores diretos de Lula disseram, antes do encontro, que o presidente queria decidir ainda ontem o futuro de Gil no governo e a expectativa era de que o ministro ficasse. Mas Gil deixou o Alvorada fazendo suspense.
Na verdade, segundo assessores, Gil vinha sendo pressionado pela família para deixar o governo e já tinha dito isso ao próprio Lula. Em novembro, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto de entrega da Ordem do Mérito Cultural, Gil chorou ao ser aplaudido por uma platéia de artistas que pedia sua permanência. Depois, ao final da cerimônia, confessou que estava cansado e que sua família preferia seu afastamento, mas acrescentou que ainda dependia de uma conversa com o presidente.
Ontem, Gil esteve no Alvorada com a mulher Flora Gil. Na saída, o ministro apenas confirmou que o presidente quer sua permanência.
Esta é a primeira vez, pelo menos publicamente, que Lula pede que um de seus ministros excluindo aqueles do chamado núcleo duro do governo e cuja permanência é certa, como Dilma Rousseff (Casa Civil) fique para o próximo governo. Nem mesmo no dia em que Gil recebeu apoio de representantes do meio cultural, na cerimônia no Planalto, Lula falou sobre o assunto, optando por fazer apenas rasgados elogios ao ministro, sem responder diretamente aos apelos dos convidados. A situação de Gil deve ser esclarecida na próxima terça-feira, quando Lula se reúne com a direção do PV partido de Gil para discutir a participação da legenda no governo de coalizão que pretende montar. Na semana passada, quando esteve com o PTB, Lula confirmou ao partido a permanência do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia.
