Lula derrotou ontem o tucano Geraldo Alckmin por 60,8% a 39,2% dos votos válidos. A vantagem do fundador do PT é de mais de 20 milhões de votos.

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Além de assegurar a reeleição, o presidente também garantiu a vitória de aliados na maioria dos estados brasileiros. Dos 27 governadores eleitos, pelo menos 17 estão na base de apoio de Lula.

O placar folgado, no entanto, não tem o mesmo significado da conquista de 2002, quando o petista chegou ao Palácio do Planalto depois de ter sido derrotado três vezes. Há quatro anos Lula era o símbolo da solução para todos os problemas da nação.

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Agora, ele terá de apresentar resultados mais expressivos do que obteve nos quatro anos do primeiro mandato. O próprio presidente tem consciência desse desafio. "Não quero mais comparar meu governo com o do PSDB. Agora quero comparar comigo mesmo", disse na semana passada, quando as pesquisas davam certeza de que venceria Alckmin.

E as tarefas do petista não são poucas nem fáceis. Desde o início da campanha eleitoral, muitos analistas elegeram as reformas estruturais como prioridade do próximo presidente. Entre as mudanças urgentes estão as reformas política, sindical e trabalhista, tributária, da Previdência e do Judiciário. São mudanças imprescindíveis, mas se tornarão inócuas se não conseguirem atacar os problemas graves enfrentados pela maior parte da população.

Os brasileiros esperam que o país deixe de ser o 8.º do mundo em desigualdade social, fator apontado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) como principal entrave ao crescimento econômico.

Lula recebeu mais de 58 milhões de votos para tirar o país da triste posição de 63.º colocado no ranking de desenvolvimento humano (IDH), perdendo para Argentina, Chile, Cuba e México, só para citar alguns exemplos latino-americanos.

Esses indicadores só serão alterados positivamente com medidas para mudar a educação, saúde, emprego e outros setores da realidade nacional. O desafio de Lula está em elevar o índice de redução da pobreza, que atingiu 19,1% entre 2003 e 2005. Apesar do avanço, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dos 187 milhões de brasileiros, 42 milhões são miseráveis.

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A missão de Lula está também em reduzir o analfabetismo, que FH prometeu zerar e não conseguiu. O Brasil tem hoje mais de 10% da população com idade acima de 15 anos analfabeta (11,4% em 2004, pelos números do IBGE). São mais de 15 milhões de pessoas, número que faz o Brasil se situar entre os 12 países com mais analfabetos do mundo.

Na economia, o novo governo terá de obter crescimento superior aos índices dos últimos quatro anos. Do contrário ficará ainda mais atrás dos países emergentes. O Brasil não pode seguir com taxas de 2% a 3% de crescimento do PIB. Países como a China e a Venezuela (de Chávez) projetam crescer acima de 10% e 6% respectivamente.

São esses alguns do embates a serem enfrentados pelo segundo governo do PT. Sem falar do combate à corrupção, mancha da política brasileira por séculos.