Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ontem ao presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que vai acatar a indicação de Márcio Zimmermann, feita pelo PMDB, para ministro de Minas e Energia. A nomeação é aguardada para hoje. Lula disse ainda a Temer que depois de resolver a questão do substituto de Silas Rondeau que se demitiu na terça-feira, depois de ser acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 100 mil da empreiteira Gautama começará a preencher os cargos do segundo escalão e de direção de estatais reivindicados pelos peemedebistas.
Lula protela a nomeação há mais de dois meses, o que tem provocado seguidas revoltas de setores do PMDB, principalmente antes de votações importantes na Câmara e no Senado. Tanto é que a Câmara não conseguiu terminar a votação do aumento de 1 ponto porcentual no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), iniciada há dez dias. Descontentes, os 27 deputados peemedebistas de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro ameaçam votar contra o governo e retirar da emenda constitucional do FPM a previsão de que o pagamento do novo repasse tenha início em setembro.
Se a data cair, o pagamento terá de ser feito imediatamente após a aprovação da emenda, o que provocaria prejuízos de pelo menos R$ 800 milhões ao Tesouro. As bancadas dos três Estados exigem a nomeação do ex-senador Maguito Vilela para a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil, a do ex-deputado Moreira Franco para uma diretoria da Petrobrás e a do ex-prefeito Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas.
Adotado
Zimmernann é o atual secretario de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia. Não tem filiação partidária. Mesmo assim, foi adotado pelo PMDB. O que está por trás da indicação, visto que o partido vinha exigindo um grande espaço dentro do governo para formar a coalizão de apoio a Lula? De acordo com os próprios peemedebistas, os senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), padrinhos de Rondeau e, agora, de Zimmermann, encontram-se fragilizados politicamente por causa das seguidas insinuações feitas pela PF de que teriam envolvimento no escândalo da empreiteira Gautama, apurados pela Operação Navalha.
Portanto, não estariam, no momento, em condições de indicar um político ou um apadrinhado muito próximo, como aconteceu na nomeação de Silas Rondeau. Mas também não poderiam abrir mão da escolha, porque o PT estava de olho no cargo. Portanto, Sarney e Renan buscaram um meio-termo. Foram atrás de Márcio Zimmermann pessoa de confiança da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Foi a garantia de que o nome seria aprovado, sem maiores delongas. E Zimmermann, por ocupar uma vaga do PMDB, passa a ter compromissos com o partido. Tanto é que Sarney e Renan lhe disseram que, uma vez nomeado, deverá fazer uma reunião com a bancada de senadores do partido.
Enfraquecido, José Sarney foi pressionado por senadores do partido que se sentem discriminados na escolha de nomes para o primeiro escalão, a chamá-los para participar do processo. Em resposta, Sarney desconversou dizendo que Zimmermann é nome de "Lula e Dilma".