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"Falta de oferta"

Lula diz que há poucas mulheres e negros capacitados para cargos no governo

Lula
O presidente Lula diz que há poucas mulheres capacitadas a cargos em seu governo. (Foto: Massimo Percossi/EFE)

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O presidente Lula afirmou na quarta-feira (26), em entrevista ao portal UOL, que não coloca mais negros e mulheres em cargos no seu governo por "falta de oferta" de profissionais com essas características. Para ele, a pouca participação destes grupos sociais na política ao longo da história tem como resultado uma menor quantidade de mulheres e negros capacitados a ocupar esses cargos.

"Como a mulher não teve participação ativa durante muito tempo, fica mais difícil encontrar mulher para determinados cargos, e fica mais difícil encontrar negros para determinados cargos. Não é que não tenha, é que a oferta é menor, na medida em que, embora seja a maioria da população, não tiveram uma participação política histórica mais contundente", afirmou.

Nas redes sociais, usuários criticaram a falta de repercussão, nos meios de comunicação, do caráter discriminatório da fala de Lula, e o duplo padrão da esquerda. "Segundo Lula negros e mulheres são incompetentes? Ou tô ficando doido? Se fosse o Bolsonaro falando a mesma coisa…", questionou um usuário do X, em uma postagem com centenas de curtidas.

Em diversas ocasiões ao longo de seu período na Presidência, Jair Bolsonaro (PL-RJ) sofreu acusações de machismo. No último caso, em 2022, uma ofensa pessoal dirigida contra a jornalista Vera Magalhães, célebre inimiga política de Bolsonaro, foi interpretada como um caso de misoginia e resultou em notas de repúdio de associações, análises e reportagens sobre o comportamento do ex-presidente.

Lula coleciona declarações que deixam duplo padrão em evidência

Em um ano e meio de mandato, Lula já coleciona declarações que colocam em evidência um duplo padrão de alguns meios de comunicação e grupos políticos.

Na própria quarta-feira (26), o presidente chamou de "cretinos" os jornalistas que associaram a entrevista que ele concedeu ao UOL à alta no dólar, que ocorreu no mesmo dia. Um dos veículos jornalísticos que fez essa associação foi o próprio UOL, que publicou uma matéria com o título: "Após falas de Lula ao UOL, dólar termina dia em alta de 1,2%, a R$ 5,5188".

“Veja o que aconteceu ontem: quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era que o dólar subiu pela entrevista do Lula. Esses cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista”, afirmou Lula.

Em 2021, quando Bolsonaro se irritou com uma pergunta de uma repórter e lhe disse: "deixa de ser idiota", alguns veículos classificaram a fala como um "ataque", e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) soltou uma nota de repúdio contra a atitude.

Outras falas de Lula também foram ignoradas por movimentos que, em situações semelhantes envolvendo políticos de viés ideológico diferente, tendem a reagir. Em fevereiro, quando ele afirmou que afrodescendente "gosta de um batuque, de um tambor" e falou em "gratidão" pelo tempo de escravidão no Brasil, a reação de grupos de esquerda foi tímida.

Em maio, Lula disse que o fim da isenção de taxas nas compras internacionais de até US$ 50 poderia prejudicar especialmente mulheres, que, segundo ele, compram “muita bugiganga” em sites como Shopee, Shein e AliExpress.

Em 2023, ao se referir a pessoas com deficiência mental, Lula afirmou que elas têm "desequilíbrio de parafuso". "A OMS sempre afirmou que, na humanidade, deve haver mais ou menos 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil, com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso", disse.

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