Brasília (AE) Passados sete meses desde que o ex-deputado petista Jaques Wagner assumiu o comando da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto, já não são de perfeita sintonia as relações entre ele e o presidente Lula. A principal atribuição de Wagner é a coordenação política do governo e o desgaste não foi produzido por nenhum grande choque, mas por pequenas divergências que se foram acumulando. Se depender do ministro, ele vai deixar o governo para disputar a eleição em seu Estado, a Bahia, como candidato a governador ou deputado federal.
Houve pelo menos três episódios que aceleraram o distanciamento entre o presidente e seu auxiliar. O mais recente deles ocorreu logo depois da virada do ano, quando Lula decidiu tirar uns dias de folga na Base Naval de Aratu, perto de Salvador. Para garantir a privacidade, o presidente queria manter em sigilo o local escolhido para o descanso, mas a imprensa ficou sabendo para onde ele ia e foi atrás. Lula passou a agir como se desconfiasse de que Wagner tenha sido o responsável pela quebra do segredo.
A atitude do presidente virou tema das conversas de deputados oposicionistas na Bahia, onde os adversários do ministro vibram com a situação. "Todos perceberam que Lula e Wagner estavam mais frios", diz um desses parlamentares. A assessoria do ministro nega qualquer divergência e acusa o PFL baiano de espalhar uma versão que prejudica Wagner. "O PFL não tem o que fazer. Isso é intriga de carlista", diz um assessor palaciano, numa referência aos integrantes do grupo político do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Carioca de nascimento e baiano por opção, Wagner não costuma se exaltar em público nem tem o hábito de se gabar quando ganha disputas com colegas de governo. Quando perde, também prefere não fazer barulho.
Mas, em conversas reservadas, ele tem dado sinais de insatisfação. Reclama que Lula não exige dos ministros empenho para melhorar a relação com deputados e senadores. Tinha ficado acertado, por exemplo, que seria liberado mais dinheiro para atender às emendas orçamentárias apresentadas por integrantes da base aliada. Mas os ministros não cumpriram o combinado e Lula não fez nada.
Wagner também tem estranhado a inércia de Lula em relação a sua candidatura à reeleição. Ele acha que já era hora de o presidente ter definido quem vai comandar sua campanha. Nesse ritmo, o futuro do ministro é incerto. "Ele está mais para a Bahia, mas o presidente não o libera. Pelo Lula, ele não sai nunca", diz um assessor.
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