Brasília O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, devem deixar o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve ontem uma longa conversa reservada com Palocci, na Granja do Torto, e a avaliação foi de que o governo não pode continuar "sangrando em praça pública" por causa da crise provocada com a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, que teve sua vida devassada depois de desmentir Palocci.
O ministro reiterou a Lula que não tem condições de permanecer enfraquecido no governo. Além disso, está emocionalmente abalado com o escândalo e quer preservar a família.
A única chance de Palocci sobreviver e continuar no cargo será se conseguir desvincular o Ministério da Fazenda da ordem dada a um funcionário da Caixa para quebrar o sigilo do caseiro. Essa possibilidade é considerada muito difícil, já que o jornalista Marcelo Netto, assessor especial do ministro, é apontado como suspeito pelo vazamento dos extratos de Nildo. Netto nega a acusação.
Lula está inconformado com o desgaste sofrido com o episódio. Na conversa com Palocci, que durou duas horas, o presidente disse que a solução para o caso não pode passar de hoje, sob pena de o governo ficar completamente desmoralizado pela convicção geral de que está acobertando os mandantes da quebra de sigilo. A imagem que "colou" na opinião pública, conforme admitiu um interlocutor de Lula, é a de que o governo do PT persegue um caseiro. Na avaliação do Planalto, essa imagem seria "fatal" na campanha à reeleição.
O presidente convocou para hoje, às 15 horas, uma reunião com a coordenação política do governo, para avaliar a crise e bater o martelo sobre o destino de Palocci e Mattoso. O encontro ocorrerá logo depois que Lula voltar de Curitiba, onde participa da abertura de uma conferência sobre biodiversidade.