São Paulo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse sexta-noite à noite, em conversas reservadas, que não dispensará o ministro da Educação, Fernando Haddad, como chegou a pleitear o PT para abrigar a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Mas a solução do impasse parece próxima: Lula afirmou a interlocutores que vai chamar Marta para comandar Cidades, ministério hoje controlado pelo PP. Para evitar a rebelião dos aliados, no entanto, sua intenção é transferir Márcio Fortes, atual titular do cargo, para Agricultura.
No cenário exposto pelo presidente para a reforma ministerial, o PT perderá as pastas de Agricultura e Previdência já que esta deve ir para o PDT. Pode, ainda, deixar a articulação política, se Lula conseguir convencer Walfrido dos Mares Guia (Turismo), do PTB, a assumir a missão. Nos últimos dias, o presidente começou a planejar nova jogada: enviar Walfrido para Relações Institucionais no lugar de Tarso Genro, que será remanejado para Justiça.
Lula ficou contrariado com a pressão do PT para encaixar Marta na Educação. Disse que Haddad ganhou prestígio no ministério e tem feito um bom trabalho. Mesmo cercada de cautela, a reviravolta nos planos do Planalto já começa a provocar atritos na base aliada.
O vaivém de Lula tem deixado atordoados até petistas, obrigando-os a mudar de estratégia a toda hora. Na quinta-feira, por exemplo, a cúpula do PT deu sinal verde à indicação de Marta para Educação ministério preferido pelo grupo da ex-prefeita por dar mais "visibilidade" a ela para eventual disputa pela sucessão de Lula, em 2010. Mas dirigentes foram alertados por Marco Aurélio Garcia, assessor de Relações Internacionais da Presidência, de que a pasta não estaria disponível. Sexta, mudaram o discurso: alegaram que Cidades é um ministério "mais voltado para o desenvolvimento".