Brasília Apelidada de TV Lula, a emissora estatal concebida para supostamente propagandear ações do governo ganhou ontem linhas mais claras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu em discurso, na solenidade de posse de seus novos ministros, o modelo que deseja para tevê pública dos seus sonhos: que não "piche" e que trate de educação e informação, sem chapa-branca e que funcione initerruptamente.
Dirigindo-se ao novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, Lula pediu empenho no desenvolvimento da proposta de uma tevê pública educativa, lembrando que ela fará o que a tevê privada não faz. "Eu sonho grande. Eu sonho com uma coisa quase 24 horas por dia", e "que não seja chapa-branca", disse.
Lula, que teve o primeiro mandato marcado por divergências com os meios de comunicação, disse que a política que será desenvolvida por Franklin Martins deve tratar a informação com seriedade. "A informação tal como ela é, sem pintar de cor de rosa, mas também sem pichá-la", acrescentou.
E avisou a Franklin das resistências que enfrentará no cargo. "Vai ser uma tarefa gigantesca. Prepare-se, passe bastante cera nas costas porque se apanha um pouco, mas eu acho que você já está calejado, já apanhou muito na vida e eu acho que você sabe que a coisa não é fácil", declarou.
Parceria
Lula disse que a tevê pública proposta pelo governo deve atuar em parceria com emissoras de outros poderes, como a TV Senado e a TV Câmara.
Franklin Martins vai cuidar da relação do governo com a imprensa e da publicidade oficial do governo.
Martins, que assumiu ontem a Secretaria de Comunicação Social do governo federal, disse que a sua decisão de unir as áreas de imprensa e publicidade do governo em um mesmo órgão tem o objetivo de melhorar a estrutura de comunicação do Palácio do Planalto.
Franklin disse esperar que a relação do presidente Lula com a imprensa melhore no segundo mandato.
Nos primeiros quatro anos de governo, Lula recebeu críticas pela relação turbulenta que manteve com os jornalistas. "A relação do governo com a mídia deve ser uma relação mais fluida, tranqüila, profissional, menos defensiva. Eu acho que essa disposição existe no governo. Acho que a imprensa, assim como o governo, sofreu um freio de arrumação com a campanha eleitoral."