Ouidah, Benin (Folhapress) Demonstrando impaciência com as acusações da oposição de que só age eleitoralmente, e das perguntas da imprensa sobre quando vai anunciar sua candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem no Benin que o deixem governar o país.
"Você não pode colocar o projeto de vida de uma nação em função de uma eleição, a eleição é que tem de estar subordinada a esse projeto. Só queria pedir o seguinte: para as pessoas deixarem a gente governar o Brasil", disse.
Lula também comemorou a queda do risco-país, índice que aponta o risco de investimento no país e que, próximo ao fechamento de ontem, estava em 228 pontos, menor nível da história.
Ao comentar possíveis turbulências na economia em ano eleitoral que não acredita que vá haver , a palavra repetida várias vezes por Lula foi "seriedade".
"Acho que o processo eleitoral não vai mexer com isso e não haverá nada, nem uma nem duas nem três nem quatro eleições que me farão mudar o que a gente vem fazendo na economia brasileira e a seriedade com que estamos governando o Brasil. Nada", disse o presidente.
"Vamos fazer aquilo que nós temos consciência de que é necessário fazer, sem criar nenhum prejuízo para os que virão depois de nós."
FH
Depois de quase uma semana da ofensiva midiática do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (19952002) contra seu governo e o PT, Lula falou pela primeira vez sobre o tema, mas só para desdenhar as críticas do antecessor.
"Primeiro, não sou obrigado a ler tudo o que determinadas pessoas falam. Segundo, acho que é um problema que o PT saberá cuidar", afirmou o presidente.
Pela manhã, Lula se encontrou com o presidente do Benin, em Cotonou. À tarde foi a Ouidah, vilarejo a 40 quilômetros, de onde os escravos partiam da África em direção à América.
Em Ouidah, Lula ganhou uma ajuda contra a "urucubaca" que diz atrapalhar o seu governo. Esteve num ritual de vodu e afirmou que ficou "mais leve". "Vocês participaram junto comigo, vocês viram que... até vocês estão mais leves", afirmou.
Segundo o dicionário Aurélio, o vodu é um "culto de origem jeje-daomeana, praticado nas Antilhas, principalmente no Haiti, e que combina elementos de possessão e magia com influências cristãs, apresentando semelhanças com o candomblé afro-brasileiro".
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