Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu se afastar das siglas que se envolveram no seu primeiro mandato com escândalos. A medida atinge PL e PTB. Os dois partidos não serão convidados a integrar o conselho político que será formado pelos presidentes dos partidos aliados para discutir com Lula políticas de governo. O conselho foi ativado na época da campanha e deve ser mantido no segundo mandato.
Marco Aurélio Garcia, presidente interino do PT, disse ontem que o presidente deve convidar para o conselho os dirigentes do PT, PMDB, PC do B, PRB e PSB. "O PTB não está na coalizão. O governo terá outro tipo de relacionamento com o PTB e o PL", explicou.
O presidente já informou ao PTB que não poderá dialogar institucionalmente com o partido enquanto ele for dirigido pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), autor das denúncias sobre o mensalão. O mesmo vale para o PL, comandado por Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato para evitar a cassação por ter admitido que recebeu do PT dinheiro de caixa 2 para o seu partido. PTB e PL também se envolveram no escândalo dos sanguessugas.
No entanto, para garantir o apoio dos dois partidos no Congresso, Lula deverá manter a participação do PTB e PL no primeiro escalão. Ao PTB, o presidente já confirmou que o ministro Walfrido dos Mares Guia ficará na pasta do Turismo. O PL comandou o Ministério dos Transportes até abril e pode continuar na área.
Líderes do PTB e PL reagiram às declarações de Garcia. O deputado José Múcio (PE), líder do PTB na Câmara, disse que isolar o partido "não seria uma medida inteligente" da parte do governo.
Múcio observou que vai aguardar o governo oficializar esta decisão para depois se manifestar oficialmente. "Nós estamos votando com o governo e não acredito, não acho inteligente que sejamos isolados. Qual é a vantagem disso?", questionou.
O petebista disse que as denúncias que atingiram membros do seu partido não podem ser desculpas para um tratamento diferenciado ao partido.
O líder do PL na Câmara, deputado Luciano Castro (RR), também ressaltou que o partido faz parte da base de apoio de Lula no Congresso e que será um importante aliado na próxima legislatura. "Nós teremos 44 deputados e 5 senadores (foram eleitos 3, mas o PL deve receber nos próximos dias a adesão de mais dois)", afirmou.
Castro ironizou a possibilidade de o partido ficar de fora do conselho político. "Para nós isso não é crucial. Não reivindicamos isso. Se fossemos convidados, nos sentiríamos honrados, mas se não formos...", disse.
O apoio do PL e do PTB garantirá ao governo 68 votos na Câmara e 9 no Senado sendo 5 do PL e 4 do PTB.