O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse ontem, ao receber o documento que reúne as propostas do Fórum Futuro 10 Paraná, que poucas vezes viu mobilização social semelhante. "O evento mostrou que, quando convocadas a participar, as pessoas sempre têm uma contribuição a dar", afirmou Lula. "Mesmo sem ainda conhecer o documento, acredito que essa mobilização já valeu a pena." O presidente falou para uma platéia de 2 mil pessoas, reunidas no Estação Convention Center para o encerrameno do fórum. Também receberam o documento o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o governador Roberto Requião e o prefeito em exercício de Curitiba, Luciano Ducci.

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Para Requião, o documento será encarado com muita atenção pelo governo estadual. "Apreciei sobremaneira o esforço de todas as pessoas que se envolveram nesse processo", disse o governador. Iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) e 11 entidades, o fórum elaborou um plano de desenvolvimento para o estado.

Diante do presidente Lula, presidentes de associações empresariais que promoveram o fórum aproveitaram a oportunidade para criticar a política econômica. O presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, pediu liberação de recursos para a comercialização da safra e para a contratação de seguro rural, além apontar o real valorizado como risco de queda nas exportaços agrícolas. Darci Piana, presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), seguiu no mesmo tom. "Precisamos de uma política clara para geração de emprego e renda e criar desenvolvimento", disse ele. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, a taxa de juros valoriza demasiadamente o real. "Transforma em pós as oportunidades de exportação", criticou Loures.

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Em seu discurso, o ministro Paulo Bernardo elogiou o fórum. "É um trabalho que pode ser incorporado tanto pelo governo federal como pelo estadual".

Bem humorado, Lula disse já estar acostumado às críticas. "Em minha vida, já cobrei tanto, já critiquei tanto, que hoje escuto críticas com a mesma finesse com que ouço elogios", disse ele. Segundo Lula, há consenso em relação à alta taxa de juros. "Do presidente da República ao ascensorista deste prédio, todos nós estamos convencidos de que a taxa de juros precisa ser mais baixa, mas reclamar sem levar em conta que a taxa média atual é a menor das últimas décadas é criticar sem considerar o contexto", afirmou. "Precisamos ver o estado em que o paciente entrou no hospital, o estado em que se encontra e o estado em que pode sair."