Brasília – Sem um nome natural no PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a testar pro-váveis candidatos à sua sucessão, daqui a três anos. Em evidência por causa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) conta, neste momento, com a preferência pessoal de Lula, que quer medir o impacto da imagem dela na opinião pública e na base aliada. Além de acompanhar o presidente em eventos do PAC por todo o Brasil, Dilma começou a se descolar de Lula e fazer movimentos próprios. O nome não entusiasma, por enquanto, nem o PT nem partidos aliados.

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Para tentar emplacar o nome de Dilma, Lula sabe que terá que vencer resistências dentro do seu partido. A estratégia, segundo um integrante do governo, deve seguir o seguinte roteiro: primeiro, consolidar o nome da ministra como uma opção verdadeira junto à opinião pública e nas pesquisas; depois, se bem-sucedida essa tarefa, o PT seria forçado a indicá-la.

Para se tornar mais conhecida, Dilma Rousseff não tem medido esforços. Em pleno feriadão de 12 de outubro, a ministra se desdobrou entre visitas a batalhões do Exército na Amazônia, na companhia do ministro da Defesa, Nelson Jobim – outro "presidenciável", dessa vez do PMDB –, e ao Rio de Janeiro, onde abasteceu um carro de Fórmula 1, da Williams, com biodisel.

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Entre os aliados de Lula, é nítida a percepção de que o Palácio do Planalto trabalha para construir a candidatura da ministra em 2010. O nome é bem visto pelos escalões inferiores do PT, mas enfrenta resistências principalmente dos aliados de outra "presidenciável", a ministra do Turismo, Marta Suplicy.

Marta tem a imagem desgastada e está politicamente isolada em um ministério de pouco prestígio. Dilma, ao contrário, é vendida como a gerente do PAC, passa uma imagem de seriedade e está cada vez mais próxima de Lula.

Na primeira vez em que apareceu numa pesquisa (CNT-Sensus), a ministra Dilma Rousseff ficou com 5,7% das intenções de voto, quando apontada como a candidata do PT. Numa lista com mais de 20 nomes de possíveis presidenciáveis, Dilma, que nunca disputou uma eleição, ficou em 15.º lugar. Ex-prefeita e ex-deputada, Marta Suplicy ficou em sétimo lugar.

Para os petistas que defendem Marta, o presidente Lula pode queimar Dilma se insistir, desde já, com uma superexposição da ministra. Na disputa, ainda virtual, entre duas mulheres de peso do PT surge a figura do ministro da Justiça, Tarso Genro, que depois de citado por Lula como um dos vários nomes que o partido tem, passou a alimentar o sonho. Tarso, porém, tem forte resistência dentro do PT, porque presidiu o partido e se colocou contra o grupo denunciado pelo escândalo do mensalão, liderado pelo ex-ministro José Dirceu.