Hábitos mais saudáveis, com excesso de peso
Os brasileiros estão praticando mais exercícios, comendo mais hortaliças, ingerindo menos carnes gordurosas e fumando menos. Mesmo com hábitos mais saudáveis, persiste o número de brasileiros com excesso de peso (43,3%) e obesos (13%). Este é o perfil mostrado pela pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada ontem, chamada "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico" Vigitel.
O brasileiro voltou a dirigir após o consumo de bebida alcoólica. Pior: a quantidade de motoristas que admitem tal prática já é maior do que antes de a lei seca entrar em vigor, em junho de 2008. Dados do Ministério da Saúde, divulgados ontem, mostram que houve uma reversão da tendência inicial, verificada nos quatro primeiros meses de vigência da lei, de queda do número de pessoas que declaram conduzir automóveis após ingerir bebidas alcoólicas. Em seguida, o porcentual de motoristas que misturam álcool e direção dobrou.
Entre julho e outubro de 2008, o porcentual de brasileiros que misturou álcool e direção variou entre 0,9% e 1,3%. Em novembro, o índice saltou para 2,1% e, em dezembro, para 2,6%. Em 2007, nos meses de novembro e dezembro, o porcentual variou entre 1,8% e 2,1%. No último mês aferido pela pesquisa, março de 2009, esse número estava em 2,3%.
Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a "luz amarela" acendeu. "O padrão comportamental da população voltou à situação anterior à da lei. A questão preocupa", afirmou. "A lei tem que pegar. A sociedade precisa dessa lei. O país precisa desesperadamente que essa lei funcione", disse.
A questão torna-se ainda mais preocupante se analisados os critérios usados na pesquisa. Só entraram na conta do Ministério da Saúde as pessoas que admitiram beber abusivamente antes de dirigir. Isso significa que homens que beberam até quatro ou mulheres que tomaram até três latas de cerveja, taças de vinho ou doses de bebidas destiladas e dirigiram em seguida não foram computados.
Esse é o caso de Madeira*, como é conhecido pelos amigos. O estudante de Economia, de 23 anos, diz que é comum beber quatro latas de cerveja e depois dirigir. "No começo, com a lei seca, tentei dar uma maneirada. Depois, você vê que não tem fiscalização e entra no comodismo. Com os meus amigos aconteceu a mesma coisa", afirma. Madeira diz que costuma dirigir apenas se estiver "alegrinho". "Uma vez estava bêbado demais e dormi no carro, antes de voltar para casa", conta.
Para o advogado especialista em trânsito Marcelo Araújo, o problema não está na falta de fiscalização. "Com a mera condução do veículo, estando alcoolizado, você se torna criminoso, mas as pessoas não pensam assim. Elas se dizem pessoas de bem. E, para essas pessoas, não é necessária a fiscalização para não roubar uma carteira, por exemplo. Portanto, o que falta é a concepção social de que beber e dirigir é crime", explica.
Os dados apresentados ontem pelo Ministério da Saúde são da terceira rodada do levantamento "Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico" (Vigitel), com o depoimento via telefone de cerca de 54 mil pessoas que moram nas 26 capitais e Distrito Federal. A pesquisa, que abrange dados inéditos sobre indicadores de saúde e qualidade de vida no Brasil, mostrou que o álcool é um dos principais problemas de saúde pública no país, já que comprovou o aumento do consumo abusivo entre os brasileiros.
O porcentual de consumo abusivo de álcool pela população, não necessariamente associado à direção, foi de 19%, em 2008, contra 17,5%, em 2007, e 16,1%, em 2006. A pesquisa revela, ainda, que as mulheres estão bebendo cada vez mais. Em 2008, 10,5% delas beberam excessivamente, enquanto que, nos anos anteriores, os indicadores foram menores, sendo 9,3% em 2007, e de 8,1% em 2006.
A única boa notícia que o Vigitel traz, quando o assunto é consumo excessivo de álcool, é destinada aos curitibanos. A pesquisa mostra que Curitiba é a capital com o menor porcentual de consumo abusivo de álcool, com 10,7%. Na outra ponta, Salvador aparece com 24,9%.
Proposta
Uma campanha será lançada hoje pelos ministérios da Saúde, da Justiça e das Cidades, com a mensagem: "Dirigir alcoolizado, quando não dá morte, dá cadeia". "Percebemos que a proibição de dirigir alcoolizado não foi assimilada, por isso, é importante retomarmos com vigor as campanhas e a fiscalização", diz a coordenadora geral da Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Déborah Malta.
Mas a campanha pode não ser suficiente para mudar a situação. "Esse problema se enfrenta com duas medidas: repressão e mudança no padrão de consciência. E isso leva tempo", diz Temporão.
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Interatividade
Que medidas poderiam reverter a situação da ingestão de álcool associada à direção de veículos?
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