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Vela cumpre ritual secular e é simbolo da Igreja Católica

Acender o círio é um ritual secular para representar a luz da vida. A vela é acesa no domingo de Páscoa, como simbologia da Ressurreição, e assim permanece em todas as celebrações durante as sete semanas do tempo pascal, até o domingo de Pentecostes. Também é usada em cerimônias como batismo e crisma. A palavra "círio" vem do latim "cereus", de cera. Além do simbolismo da luz, a peça também representa a oferenda, como cera que se consome em honra a Deus, para alimentar a luz.

Os modelos são desenvolvidos de acordo com a liturgia bíblica prevista pela Igreja Católica para o ano, mas alguns símbolos são obrigatórios. É preciso ter o ano vigente, para demonstrar que Jesus Cristo vive em 2007, que continua vivo e permanece o mesmo. As letras gregas alfa e ômega também são essenciais, pois representam o início e o fim. Os cravos são a prova do sacrifício. O desenho desenvolvido para este ano pelos monges be-neditinos traz um arabesco de origem muçulmana, que é formado por linhas que sempre voltam ao ponto inicial. Quer dizer que Deus é infinito e que por mais que se afaste de centro é sempre para lá que retorna. (KB)

Ponta Grossa – O ritmo do trabalho dos monges beneditinos do Mosteiro da Ressurreição, em Ponta Grossa, rouba o silêncio típico do lugar e é um contraste com o período de reclusão e reflexão exigido durante a quaresma. Os religiosos alternam seus momentos de meditação e oração com a produção dos círios pascais que irão iluminar as igrejas pelo Brasil, a partir do domingo de Páscoa.

O projeto é renovado a cada ano, e começa a ser trabalhado tão logo as encomendas são entregues. Para este ano a previsão é vender mil peças. É como se todas as paróquias paranaenses ostentassem um círio beneditino. Mas as velas sagradas fazem sucesso mesmo em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Os monges nem fazem questão que o produto vá para muito mais longe, porque o frete é caro e há riscos. Mesmo cuidadosamente embalado – em plástico-bolha, duas caixas de papelão e uma de madeira – muitas vezes a vela se parte antes de chegar ao destino.

O modelo de 2007 substitui detalhes em resina por aplicações em chumbo. A mudança vai ajudar na montagem da peça, além de deixá-la mais bonita. O projeto, definido pelo conselho artístico do mosteiro, alia aspecto rústico e artesanal com recursos contemporâneos de produção e comercialização.

Os apliques de chumbo foram feitos por um químico especializado. O aumento na produção das velas – no ano passado foram 800 peças – forçou uma parceria com os freis capuchinhos da cidade, que ficaram com o trabalho de derreter a parafina, moldar e colocar o pigmento colorido e o pavio. Para ajudar na montagem e embalagem – e assim cumprir os prazos de entrega sem precisar interromper as rotinas obrigatórias do mosteiro – foi contratado um funcionário. Para completar a modernização do processo, a divulgação dos produtos é feita por folders enviados por mala- direta para as paróquias e também por meio de uma página na internet, onde é feita a maioria dos pedidos. Encomendas especiais como o de uma religiosa de Boa Vista, em Roraima. Todos os anos ela faz o pedido com antecedência para garantir a entrega a tempo de fazer a doação para a igreja que freqüenta.

Irmão Joaquim, um dos responsáveis pela produção das velas, conta que a preocupação dos beneditinos é com o enfraquecimento da simbologia. A tentativa de aproximar o rito da população leiga, muitas vezes, passa pela supressão daquilo que não é facilmente compreendido. Para os monges, esse caminho não é o melhor porque simplifica o que é complexo. "É importante que as pessoas olhem o símbolo no círio e se perguntem o que isso significa", explica.

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