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Saúde

Má distribuição de médicos é realidade no Paraná

A questão da saúde no Paraná está repleta de opostos. É verdade que o estado alcançou um patamar invejável dentro do Brasil, já que atende ao parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS) que recomenda a proporção de um médico para cada grupo de 700 pessoas. Porém, a maioria se concentra em Curitiba, segundo o cadastro do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná. A distribuição é tão ruim que 86 cidades do Paraná não contam com um médico sequer entre seus habitantes. E o problema não pára por aí: 71% dos municípios têm menos de cinco profissionais da área.

A predileção pela capital, que resulta numa concorrência acirrada, cria abismos no comparativo com as cidades da região metropolitana. Colombo, Almirante Tamandaré e Fazenda Rio Grande são exemplos disso: deveriam ter, pelos padrões da OMS, respectivamente 320, 156 e 123 médicos, mas contam com 15, 9 e 3 com registro localizado no CRM.

Na ponta do lápis, apenas 13 municípios paranaenses atingem a recomendação. Nessas cidades mora 1/3 da população do estado. Estão na lista os grandes pólos regionais, como Londrina e Maringá, cidades de porte intermediário, como Pato Branco e Paranavaí, algumas cidades consideradas pequenas, como Uniflor, Ivaiporã e Paranapoema. Desafiando a lógica da concentração em pólos estão Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Guarapuava, com proporções bem abaixo das recomendadas.

Contraste

Uniflor é uma cidade pequena na Região Norte do estado, com 2,1 mil habitantes, mas se diferencia de tantas outras sem infra-estrutura de atendimento médico. A cidade conta com dois clínicos gerais e um ginecologista. A situação é bem confortável: 100% da população urbana e rural está coberta pelo Programa Saúde da Família e não há consultórios médicos particulares na cidade.

Em situação inversa está Esperança Nova, que fica na Costa Oeste. Entre os 2,3 mil moradores não há nenhum médico. Dois profissionais – sendo que um está em férias – prestam atendimento no único posto da cidade. Eles moram e trabalham em municípios vizinhos. Das cinco da tarde às oito da manhã e nos fins de semana, se alguém enfartar ou sofrer um acidente na cidade, receberá os primeiros socorros de algum outro profissional de saúde e será levado ao hospital de São Jorge, Pérola ou Umuarama.

Condições

De acordo com o professor de Clínica Médica no curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Miguel Ibraim, e com o presidente do CRM, Hélcio Bertolozzi Soares, as condições de trabalho, a qualidade de vida e a oportunidade de atualização profissional são os fatores que os médicos, sobretudo os recém-formados, buscam na profissão. E esse é um quadro difícil de ser encontrado em cidades de pequeno porte.

Além disso, os hospitais e postos do interior acabam não possuindo uma estrutura adequada para atendimentos e exames, o que afugenta os médicos.

Tanto o presidente do CRM como o professor da UFPR concordam que a solução para as carências localizadas de profissionais da saúde só viria com um grande plano de interiorização do atendimento. Além de propiciar melhores condições de trabalho, os governos federal e estadual deveriam abrir grandes concursos públicos e designar os profissionais para as cidades que precisam, tal qual acontece com outros cargos, como juízes ou gerentes bancários.

Os médicos teriam então um plano de cargos e saberiam que ficariam até três anos na cidade, com direito a remoção depois.

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