A experiência de funcionar por 32 horas ininterruptas na véspera de Natal agradou à maioria dos lojistas e consumidores dos quatro maiores shoppings de Curitiba – uma experiência radical para uma cidade que há 22 anos viu surgir na antiga metalúrgica Mueller seu primeiro shopping e há apenas oito anos abriu as portas dos centros de compras aos domingos. No Park Shopping Barigüi, o primeiro a anunciar que faria a maratona, a fila da loja de brinquedos, às 3 horas da manhã, era um bom indicador de que os curitibanos aprovaram o horário estendido.

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Luana Mendes, de seis anos, não demonstrou impaciência ao ter que esperar 15 minutos para levar uma boneca para casa. A mãe, a gerente de marketing Isabelle Mendes, explicou a escolha do horário. "Achamos que o shopping estaria vazio de madrugada, mas não foi o que encontramos", diz. De fato, o movimento no Barigüi foi além da expectativa, de 130 mil pessoas durante as 32 horas. Só entre as 23 h de sexta e as 5 h de sábado, o total de consumidores nos corredores do shopping chegou a 50 mil. O balanço da circulação e das vendas só fica pronto na segunda-feira.

Alguns lojistas, no entanto, já sentiram, durante a madrugada, que o esforço de ficar acordado valeu a pena. No salão de beleza Lady & Lord do Barigüi, 140 clientes foram atendidas pelas manicures entre meia-noite e 2 h da manhã. E no dia 23, das 9 h à meia noite, foram 920 clientes. "Foi melhor do que esperávamos", disse a gerente Elisângela Granzotto. A comerciante Luciana Cardoso, 39, fez as unhas depois das 2 h da manhã. "Foi o único horário que tive livre", argumentou.

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O administrador Marcos Ferreira, de 33 anos, aproveitou o sono pesado da esposa para ir até o Shopping Müeller, às 3h30 da madrugada, comprar um vestido para ela. "Apesar de estar de férias, com tempo livre, não gosto de nada cheio." Marcos chegou na hora certa pois o movimento do Müeller só começou a cair depois das 3 h. "Tivemos fila para o estacionamento entre 22 h e 1h30 da manhã", disse a gerente de marketing do shopping, Adriana Cardoso. Para Adriana, o aumento na circulação deve se converter em resultados comerciais. A expectativa dos lojistas é aumentar em 15% o faturamento em relação ao natal do ano passado.

Em algumas lojas o movimento – que provocou congestionamentos na vizinhança por mais de seis horas – esgotou o estoque. "As vendas do madrugadão se igualaram às da inauguração do shopping e da final da Copa de 98", disse Vítor Almeida, dono da Space Pizza. "Da meia-noite às 5 h tive faturamento de um sábado de movimento. Ganhei um dia", comemorou. A cerveja da Space Pizza acabou às 3 h.

Os compradores da madrugada tiveram a companhia de gente que preferiu apenas passear e aproveitar as atrações gratuitas. A tendência ficou clara no sofisticado Crystal Plaza. Às 2 h, o que se via eram corredores vazios e poucas sacolas. Tanto é que até as 3 h da manhã quase metade das lojas já estavam fechadas. "Viemos passear", disse o secretário executivo Dionísio Torrezani, que estava com a mulher, o filho e um sobrinho. Apesar de ter ficado mais de três horas no shopping a família Torrezani saiu de mãos vazias.