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Terceira idade

Maduros, talentosos e reconhecidos

Os anos passaram, mas não levaram de Cleide de Sousa Penna a disposição para se tornar uma atriz. Pelo contrário, trouxeram tempo para ela fazer cursos e realizar um sonho antigo. Assim aconteceu também com o professor de Português e Literatura José Antonio Trindade, que, com a aposentadoria, ganhou para escrever as horas livres que não tinha quando ainda lecionava. Wilson Santos, depois de ter sido piloto comercial e se aposentar como jornalista, passou a se dedicar a escrever e tem quatro livros publicados nos últimos dez anos.

Cleide, de 64 anos, Trindade, 63, e Santos, 77, foram os representantes do Paraná premiados este ano na 7.ª edição do concurso "Talentos da Maturidade", promovido pelo Banco Real no fim do ano passado. A maturidade também trouxe recompensas à professora de Filosofia Naldemir Maria Mendes, não pela idade avançada – ela tem 36 anos –, mas pelo interesse pelo tema, que a levou a concorrer (e vencer) a categoria monografia. "A terceira idade na verdade é uma nova fase de produtividade. A pessoa tem um tempo para cuidar mais de si e fazer o que tinha interesse e antes não podia", avalia Naldemir.

A produção dos quatro foi selecionada entre um total 21 mil trabalhos inscritos no concurso em 2005. Das seis categorias do concurso, somente Monografia e Programas Exemplares permitem inscrições sem limite de idade. As outras quatro (Literatura, Artes Plásticas, Música Vocal e Contador de Histórias) são voltadas exclusivamente para pessoas com mais de 60 anos.

Estar entre os vencedores da categoria Literatura é para José Antonio Trindade uma amostra de que há idosos Brasil a dentro em intensa atividade. "É um tanto exagerada essa prática de colocar o idoso como alguém que precisa de incentivo para produzir. Cria até um estigma de que pessoas com mais de 60 anos precisam de orientação para tudo. O meu trabalho é resultado de algo que venho fazendo há anos, a única diferença é que hoje tenho mais tempo para me dedicar a escrever", diz ele.

"Até reclamei no discurso de entrega do prêmio que foram me incomodar, me tirar do jogo de dominó e colocar para escrever um conto", brinca o escritor Wilson Silva. Aos 65 anos, a professora aposentada Cleide de Sousa Penna tem planos de fazer um curso de teatro em São Paulo, para aprimorar o trabalho de atriz que já começou a desenvolver em Londrina. "Ou você morre jovem ou envelhece. Estando vivo, devemos procurar a melhor maneira de chegar à velhice, de preferência com saúde", propõe. Pelo que indica o resultado da categoria Contador de Histórias, da premiação, Apucarana tem grande chance de ter uma personalidade ilustre entre seus moradores.

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