"É uma curiosa reviravolta. Depois de tudo que fez com as mulheres, terminar assim, na mão de mulheres." Acompanhadas de um previsível sorriso de satisfação, as frases saíram como um desabafo da boca de Sônia Fátima Moura ao saber que o goleiro Bruno Fernandes, depois de quase três anos, ouviria poucos instantes depois a sentença pelo assassinato e ocultação de cadáver de sua filha Eliza Samudio.
Condenado a 22 anos e três meses de prisão pelos crimes, aliados ao sequestro do filho que teve com Eliza, ocorridos em julho de 2010, o jogador teve que ouvir, de cabeça baixa e mãos entre as pernas, o promotor Henry Wagner Vasconcelos acusá-lo várias vezes de desprezar as mulheres durante o julgamento encerrado na madrugada desta sexta-feira em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. E foi pela voz de uma delas, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que soube que terá que permanecer na cadeia, onde está desde julho de 2010.
"Ele foi investigado por delegadas, julgado com uma mulher na acusação, com cinco mulheres para decidir sua sentença e uma mulher para decidir a pena", observou Sônia, hoje dona da guarda da criança que a filha teve com o goleiro. Ela se referia às delegadas Ana Maria Santos e Alessandra Wilke, que investigaram o caso, à advogada Maria Lúcia Borges Gomes, às cinco juradas que ao lado de dois homens compuseram o júri do julgamento do atleta e à magistrada. "E isso no Dia Internacional da Mulher", arrematou Sônia, mas sem comemorar diante da pena que considerou "pequena".
Apesar da pena de mais de 22 anos, Bruno já está preso há dois anos e nove meses e tem direito a cerca de um ano de remissão de pena por casa dos trabalhos de faxina e lavanderia que já exerceu na Penitenciária Nelson Hungria, também em Contagem. E com os benefícios previstos em lei, o goleiro terá que cumprir, na prática, pouco mais de outros três anos para ter direito de pedir a progressão de regime e pode deixar o presídio em 2017. "Eu esperava mais", declarou Sônia ao saber da sentença, ainda mais frustrada com a notícia de que a ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues do Carmo, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê de Eliza.
Enquanto a absolvição de Dayanne é comemorada pelo advogado Tiago Lenoir, a representante de Sônia no processo já estuda a melhor forma de tentar mudar a decisão. "Com certeza vamos recorrer", salientou Maria Lúcia Borges, contratada pela mãe de Eliza para participar da acusação e que discordou também da pena aplicada a Bruno. Neste último caso, pretende manter a parceria com o Ministério Público Estadual (MPE), já que Henry Vasconcelos também afirmou que tentará aumentar a pena junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), enquanto o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, adiantou que tentará anular o julgamento. Até o fim da tarde desta sexta, porém, nenhum dos recursos havia sido apresentado ao TJ-MG.
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